Integração. Resgate cultural. Partilha de saberes. Construção de laços. Assim pode ser definido o 7º Encontro de Extensão e Cultura (Enex) do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), cuja solenidade de abertura oficial ocorreu na terça-feira, 12, no Campus Monteiro. Realizada entre o final da tarde e o início da noite, a cerimônia foi marcada por muita emoção e pelos sentimentos de alegria e festividade, bem como pelo reconhecimento a parceiros institucionais e aos envolvidos na construção do evento.

A sétima edição do Enex homenageia o centenário de nascimento da compositora e pifeira Zabé da Loca (1924-2017); natural de Buíque-PE, a artista é um grande ícone da cultura paraibana, tendo seu talento como tocadora de pífano descoberto aos 73 anos de idade, pela Agência Ensaio, quando morava em uma gruta no município de Monteiro, cidade que hoje é palco do Enex. Em 2024, o Encontro de Extensão e Cultura tem como tema geral “Compartilhando saberes e gerando conhecimento: o diálogo como princípio democrático de transformação da realidade”.



Tal temática, como era de se esperar, foi lembrada pelas autoridades presentes à abertura, especialmente devido à assinatura de um acordo de cooperação entre o Instituto Federal da Paraíba, a Secretaria de Estado da Educação e a Fundação de Educação, Tecnologia e Cultura da Paraíba (Funetec). A medida oficializa uma parceria entre as três instituições, visando ao apoio a produtores culturais que pretendem inscrever projetos em editais da Lei Aldir Blanc. A exemplo do que ocorreu com a efetivação da Lei Paulo Gustavo na Paraíba, as unidades do IFPB vão funcionar como birôs culturais.



 “A Secretaria de Cultura tem tido o privilégio de estabelecer parceria com instituições que representam muito para nós, e eu acho que o IFPB, e com todo o respeito às nossas instituições de ensino, a UFPB, a UEPB e a UFCG, mas o IFPB, pela sua estrutura e capilaridade, é realmente uma espinha dorsal da educação da Paraíba. E muito nos honra celebrar parcerias”, afirmou o secretário de Cultura Pedro Santos.

 “Para nós, Secretaria de Cultura e Governo da Paraíba, é uma satisfação muito grande estar aqui hoje. Eu brinco que a Paraíba já teve governador sociólogo, formado na Sorbonne, já teve governador poeta, mas precisou vir um professor de Informática do IFPB, para nos dizer que educação e cultura importa. Estamos juntos e seguiremos juntos”, acrescentou o secretário.

Já a reitora do IFPB, Mary Roberta Marinho, afirmou que a abertura do Enex era um momento singular e emocionante. E até era possível sentir um calor diferente, o calor humano. Em sua fala, a gestora destacou o componente da integração, do contato entre as pessoas, das trocas entre instituições e indivíduos, que é tão forte em um evento como o Enex.

“Faço aqui um destaque para o Governo do Estado, que tem sido muito parceiro do IFPB”, disse. “Faço também um agradecimento especial e peço salva de palmas aos extensionistas e também aos que desenvolvem a cultura em nossas instituições. Que nesses dias a gente possa reconhecer esses esforços”, acrescentou. A reitora também fez questão de citar a perda recente de dois servidores do IFPB, o professor Rômulo Torres e o técnico-administrativo Mércyo Matias.

Pró-reitora destaca impacto social do Instituto

Durante a abertura do Enex (que contou com apresentação artística, exibição de vídeos e homenagens diversas), a pró-reitora de Extensão e Cultura do IFPB, Josi Batista, destacou o impacto social do Instituto nas áreas onde os extensionistas atuam e ressaltou o trabalho e a dedicação de todos. “Peço palmas para quem milita pela extensão todos os dias nos espaços onde o IFPB está. A gente existe nesses territórios para fazer um Brasil melhor”, falou, lembrando que todos nós estamos juntos, e integrando saberes, “nesta grande comunidade que é a vida”.

Também evidenciando a importância da partilha de responsabilidades e saberes, o diretor-geral do Campus Monteiro, Abimael Silva, agradeceu em sua fala aos parceiros do evento, como o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal de Monteiro. Ele citou que o campus tem trabalhado, nos últimos anos, com o propósito de construir laços. “Esta festa não seria possível sem a participação dos parceiros e a presença do público”, disse. “Foi um desafio grande para a gente, mas era preciso premiar a comunidade com um evento tão bonito como esse”, afirmou o gestor do campus.

Já a servidora municipal Fátima Sousa, que participou do evento representando a prefeitura de Monteiro, ressaltou que ninguém faz nada sozinho, por isso que é importante haver diálogo e parceria. A chefe de gabinete da prefeitura ainda parabenizou o IFPB e agradeceu à instituição não só por fazer parte da comunidade, mas também pela iniciativa de homenagear Zabé da Loca, filha da terra. “Desejo que essa corrente não se quebre e que a gente siga sempre em busca do melhor”.

Ainda durante a solenidade, o secretário de Cultura Pedro Santos lembrou, em sua fala inicial, que não poderia ter havido um lugar melhor para a realização desta edição do Enex. “Talvez nem todos saibam, mas é importante que vocês saibam o local onde estão pisando. Vocês estão pisando no território multicultural de Monteiro”, afirmou Pedro Santos.

Pedro Santos lembrou aos presentes que, de Monteiro, já saíram diversos artistas e grupos populares, como o cantor Flávio José; o sanfoneiro Dejinha de Monteiro; o poeta Pinto de Monteiro; a tocadora de pífano Zabé da Loca (principal homenageada do evento); a manifestação popular Mazurca de Monteiro; e o cantor e compositor Totonho, que é um dos grandes artistas contemporâneos da Paraíba.

Totonho, aliás, é autor de versos que, no contexto do Enex, representam muito o evento: “São difíceis os dias desse tempo/Precisamos tanto de um invento/Que nos ajude a sonhar”. E quem é extensionista ou se envolve com manifestações culturais sabe bem que tal invento já existe; trata-se da cultura e da extensão, que precisam sempre ser cultuadas e reinventadas, a exemplo do que vem sendo feito no IFPB.

O Enex acontece até sta quinta-feira com atividades no campus Monteiro e na Praça João Pessoa.

 Texto: Angélica Lúcio – Jornalista do IFPB / Fotos: Pedro Bezerra