A classificação do
Palmeiras para as oitavas de final da Conmebol Libertadores já era algo
esperado antes de a bola rolar na última quarta-feira, no Allianz Parque. O
objetivo foi atingido, mas com contornos que transformaram a vitória por 4 a 2
sobre o Barcelona, do Equador, em mais uma noite épica na Libertadores, algo
recorrente nos últimos anos.
Abel Ferreira, como tem
sido desde que a maratona de jogos começou a apertar, escalou o que tinha de
melhor. Até Gabriel Menino, que teve um leve entorse no tornozelo contra o
Coritiba, começou a partida como titular.
O Palmeiras tinha o
controle do jogo, embora o Barcelona não fosse tão desorganizado sem bola
quanto na partida de ida, em Guayaquil, ainda sob comando de Fabián Bustos, que
pediu demissão no domingo. Assim, chegou ao 1 a 0 aos 18 minutos com Rony, mas
o gol foi bem anulado por impedimento.
O Verdão continuou
melhor, mas sofreu o primeiro castigo: Zé Rafael errou o passe que originou o
primeiro gol do Barcelona, de Fydriszewski. Cinco minutos depois, foi Mayke
quem deu a bola para que novamente Fydriszewski fizesse o segundo dos
visitantes.
A torcida, desde o
primeiro gol, puxava o canto de que o "Palmeiras é o time da virada",
como tanto gosta Abel Ferreira. Ainda na etapa inicial, a equipe teve
oportunidades para pelo menos descontar, mas não as aproveitou. Ainda que o 2 a
0 tenha sido uma derrota grande demais pelo que foi o primeiro tempo, o Verdão
errava muito.
Abel, então, decidiu
fazer uma mudança pouco comum: tirou Menino para colocar Flaco López. O
argentino seria um segundo atacante junto de Rony, e Raphael Veiga foi recuado
para jogar quase como um segundo volante, próximo de Zé Rafael.
O gol no primeiro
minuto, com Gustavo Gómez aproveitando escanteio de Raphael Veiga, criou o
ambiente que o Palmeiras queria: a torcida puxou de vez, e o Barcelona, que já
fazia cera desde o primeiro tempo, sentiu o golpe.
Damián Díaz logo depois
ainda acertou o travessão em mais uma transição defensiva ruim da equipe
alviverde, mas depois disso o jogo se tornou uma avalanche palmeirense.
Teve bola na trave, a
defesa equatoriana tirando em cima da linha, a bola passando no meio da área...
era questão de tempo para o empate. E ele veio também cedo, com Piquerez, um
dos destaques na partida, aos 12 minutos.
O Palmeiras acelerava
mais o jogo após o intervalo, era mais agressivo para recuperar a posse de bola
e passou a ter um volume muito grande de chances. Ao todo, foram 26
finalizações.
As oportunidades que
foram sendo empilhadas fizeram o barulho no Allianz Parque crescer. O ambiente
se tornou hostil para a equipe visitante, com a torcida fazendo a arena vibrar,
e o Verdão em campo com uma chance em seguida da outra.
Em 24 minutos, o
Palmeiras virou o jogo. Um cenário que parecia improvável ao fim do primeiro
tempo. Mas o time mostrou as características que mais marcam a era Abel
Ferreira: o controle mental e o apetite para vencer.
Endrick ainda fechou o
placar, chegou a cinco gols no ano e garantiu a primeira meta do contrato de
sua venda ao Real Madrid: 2,5 milhões de euros (R$ 13,2 milhões) na conta do
Palmeiras.
No intervalo, o Verdão
se via em uma situação em que a maior possibilidade era de terminar em segundo
lugar no grupo se conseguisse a classificação.
Agora, depende apenas
de uma vitória em casa diante do Bolívar, da Bolívia, para terminar mais uma
vez na ponta da chave. Noites como a dessa quarta mostram como o time de Abel
Ferreira se tornou o grande bicho-papão do momento na Libertadores.