Há 15 anos Ingrid Farias recebeu uma carta psicografada da mãe, morta em julho de 1994, aos 44 anos, por edema pulmonar e ataque cardíaco, quando dormia ao lado da filha adolescente.
A caligrafia e o estilo, conta, eram os de Elma Farias. Que
informava estar bem, mas alertava ser preciso rezar para o companheiro de vida
descansar no plano espiritual. Em 23 de junho de 1996, o então inimigo público
número um do país foi assassinado, aos 50 anos, em sua casa de praia, ao norte
de Maceió, com um tiro no peito. Ao lado, também sem vida, alvejada no coração,
a namorada Suzana Marcolino, 28.
“Quem matou Paulo César
Farias” virou uma novela cujo enredo, que incluía corrupção, traições, sexo,
dinheiro, política e misticismo, capturou a atenção nacional. Ingrid tinha 16
anos e, desde então, se manteve distante dos holofotes. Não mais.
Casada há 23 anos com o
empresário Talles Alencar, 46, e mãe de dois filhos, Paulo César Farias Neto,
batizado em homenagem ao avô, 14, e João Pedro, 6, Ingrid, 42, é personagem
central, cá no mundo material, de duas novas produções que se debruçam sobre a
trajetória do tesoureiro da vitoriosa campanha de Fernando Collor de Mello em
1989, pivô de seu impeachment três anos depois.
O documentário “Morcego
Negro” e a série de ficção “Segredos tropicais” buscam desvendar o homem por
trás da caricatura e as relações viciadas de poder, com Alagoas como microcosmo
do Brasil. Ingrid tem motivação aparentemente mais simples: tirar do pai a
pecha de vilão.