O Brasil termina 2022
com uma terceira onda de casos de Covid-19. O tamanho dela, porém, ainda é
difícil definir, uma vez que o número de testes positivos e internações vem
crescendo a uma semana do Natal.
As viagens de férias,
reuniões de amigos e familiares podem ter um impacto na disseminação do vírus,
assim como já se observou no fim de 2021 e começo deste ano.
Dados do Conass
(Conselho Nacional de Secretários de Saúde) mostram que a média móvel diária de
novos casos nesta semana (cerca de 36 mil) está no patamar mais elevado desde o
fim de julho — quando o país passava por um declínio do número de infecções da
segunda onda.
Especialistas ressaltam
que o número de novos casos certamente está subnotificado, já que muita gente
não realiza mais exames, e a popularização dos testes caseiros faz com que
resultados positivos não sejam notificados aos governos.
Ainda assim, outro
indicador é mais fiel para mostrar o avanço da Covid-19 no Brasil neste
momento: as internações por Srag (síndrome respiratória aguda grave).
O mais recente boletim
InfoGripe, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), alerta para o aumento de
internações por complicações respiratórias em todo o país, principalmente entre
adultos, sendo a Covid-19 a principal causa (76,7% dos casos).
Para o pesquisador da
Fiocruz Leonardo Bastos, os indicadores de internações mostram "a ponta do
iceberg, que são os casos graves".
"Mas talvez sejam
mais relevantes, porque é o que pode causar uma superlotação em hospitais.
Quando começamos a ver tendência de aumento de hospitalizações, tem que acender
um alerta", afirma.
A epidemiologista e
professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) Ethel Maciel
ressalta o fato de uma grande parcela da população estar sem as doses de
reforço da vacina anti-Covid.
"Infelizmente,
ainda temos pessoas que não tomaram nenhuma dose de reforço e acabam estando
mais expostas, porque neste momento já sabemos que, para considerar alguém
vacinado, precisa-se de pelo menos três doses. O esquema básico [de imunização]
mudou com as variantes de preocupação", observa.
O vacinômetro do
Ministério da Saúde mostra que 39,2 milhões de doses de segundo reforço haviam
sido aplicadas até 15 de dezembro. O primeiro reforço foi aplicado em 101,9
milhões.
Diante desse cenário,
os dois especialistas já adiantam que a Covid-19 deve continuar se disseminando
neste fim de ano.