O repórter Márcio Gomes traz as informações sobre o estado de saúde dos 11 feridos que sobreviveram ao ataque.
O Hospital Santa Maria em Suzano fica perto do colégio. Sete vítimas foram para lá: quatro meninos e três meninas. Alguns foram transferidos para outros hospitais, como Letícia, de 15 anos.
A primeira vítima a chegar no Hospital Santa Maria não foi de ambulância. Foi correndo, sozinho, com um ferimento de machadinha no altura do ombro. A escola fica a apenas três quadras. E, graças a esse gesto, a equipe de médicos pode se preparar para receber os outros feridos.
José Victor Ramos Lemos, de 18 anos, era um dos casos mais graves. “Quando ele chegou, já acionou a emergência, gritou lá na porta. Então a enfermagem já foi prestar o primeiro atendimento e, em seguida, a equipe médica levantou e ja foi trazê-lo à emergência para poder estabilizar e entender o quadro clinico dele”, explicou Débora Nogueira, diretora técnica do Hospital Santa Maria.
Ao chegar com a machadinha cravada no ombro, ele conversou com o médico que o atendeu. O jovem disse que sequer viu quem o atacou. “Ele contou que estava sentado e recebeu um golpe de machado no ombro direito. Aí nós atendemos ele aqui, levei para sala de cirurgia, removi o machado que estava acoplado no ombro dele. Mas, graças a Deus, ele está passando bem: a evolução dele vai ser muito boa”, afirma o médico Austelino Mattos.
Os pais do jovem ainda estavam muito nervosos. “A gente não imagina que vai ocorrer com seu filho, né? Você acha que ele está na escola, que é um lugar seguro. Então o que você pensa, que está tudo correndo bem. De repente, você recebe a notícia que houve um atentado na escola e que seu filho foi ferido”, lamenta o Marco Antonio Lemos.
“Como eu falei para ele, ele nasceu de novo. Ele fez 18 anos dia 6, aí peguei e falei para ele que ele nasceu de novo. Então, ele tem que comemorar duas datas”, conta a mãe Sandra Regina Ramos.
Do hospital, ele conversou com a repórter Bruna Vieira: "Parecia uns pipocos, parecia bombinha. Depois que pareceu mais barulho assim, eu falei: 'Não, não é bomba. É tiro'. Aí apareceu um moleque saindo da diretoria com a arma na mão e todo mundo correndo; atirando em todo mundo. Uma das cenas mais fortes que eu vi foi um moleque agarrando na porta, tentando abrir a porta da sala, e o terrorista encheu ele de bala".
No começo da tarde, alunos foram transferidos de helicóptero para o Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Um dia muito triste para nossa cidade. Estamos fazendo o possível e impossível aqui pra todos que sofreram essa tragédia”, afirmou Pedro Ishi, secretário adjunto de saúde de Suzano.
Hospitais de Suzano, Mogi, Itaquaquecetuba e São Paulo se mobilizaram para receber os feridos do ataque. Nos hospitais, a peregrinação dos pais em busca de informação de seus filhos.
“Eu só cheguei aqui para ver minha filha, só isso. Eu sei que ela tá com um tiro na lombar, mas está bem, graças a Deus”, emocionou-se a mãe de uma das vítimas. Durante o ataque, a filha conseguiu mandar mensagens para a mãe: “’Mãe, tá tendo tiroteio aqui na escola’. Só isso que ela soube falar: ‘Mamãe, me socorre’. Só isso que ela falou pra mim”
A dona de casa Tatiane Fernanda estava no hospital para uma consulta de emergência com o filho e viu a entrada dos primeiros feridos: "Eles chegaram todos ensanguentados, todos desesperados. Eu cheguei a ver um com a faca atravessada, foi cena de terror. De terror mesmo”.
Alívio foi o que sentiu uma mãe ao encontrar a filha: “Eu estava no serviço. Fiquei sabendo por telefone, saí correndo. Vim correndo o mais rápido possível, mas ela tá bem, graças a Deus”.
A filha dela sobreviveu à tragédia. “A calça da minha colega está toda cheia de sangue. Que era para acertar nela e acabou acertando no colega dela. Perto da entrada, quando a gente foi querer sair, o menino levou um tiro também, caiu perto da escada. Eles atiraram sem dizer nada. Foi muito horrível”, relembra a jovem.
Em um centro comunitário, não muito distante da escola, chegavam amigos e parentes em busca de informações. Equipes médicas e psicólogos faziam o acolhimento.
A tragédia atingiu mesmo quem não tinha parentesco com as vítimas. O motorista Marcos Inácio dirige uma van escolar que atende o colégio: “Deixei o menino na porta da escola e levaram o menino, levaram a vida dele. Um menino bom, dava ‘bom dia, tio’, ‘tchau tio’, ‘obrigado, tio’. E agora foi embora. Acabou a vida do menino, entendeu? E é isso”.