Os jovens Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, mataram a tiros oito pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, de Suzano (SP). Eles cometeram suicídio em seguida, segundo a polícia. O ataque aconteceu por volta das 9h30 desta quarta-feira (13). Em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos, divulgou os nomes das vítimas:
– Marilena Ferreira Vieira Umezu, coordenadora pedagógica
– Eliana Regina de Oliveira Xavier, funcionária da escola
– Pablo Henrique Rodrigues, aluno
– Cleiton Antonio Ribeiro, aluno
– Caio Oliveira, aluno
– Samuel Melquíades Silva de Oliveira, aluno
– Douglas Murilo Celestino, aluno
– Jorge Antonio de Moraes, comerciante e tio de Guilherme Taucci, morto em um ataque à sua locadora de veículos, antes do ataque à escola
Ao todo, há nove feridos, segundo o secretário.
De acordo com o coronel, os atiradores entraram na escola na hora do intervalo. Primeiro, atiraram em uma coordenadora pedagógica e uma supervisora. Depois, se dirigiram ao pátio, onde atingiram quatro alunos de ensino médio. Em seguida, eles foram até o Centro de Línguas. Os alunos que estavam no local se esconderam dentro de uma sala de aula. Os atiradores, então, se suicidaram no corredor em frente ao verem a polícia.
Ainda não se sabe a motivação do crime. Há informações que o autor mais novo foi expulso da escola no ano passado.
Vídeo divulgado pela Band mostra imagens de dois jovens que seriam os atiradores.
O Gate fez uma varredura na escola e encontrou artefatos com aparência similar a de explosivos. A área no entorno da escola está isolada por risco de haver explosivos.
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, comunicou que irá a Suzano ainda nesta quarta-feira para acompanhar as investigações do tiroteio.
Relatos
“Foi 9h30. Ouvimos disparos. Estava na sala de aula, na hora do intervalo. Pensei que fossem bombas. Quando eu percebi que eram tiros fiquei lá. Só saí quando os policiais chegaram 20 minutos depois”, conta a professora Sandra Perez ao Estadão Conteúdo.
“Meu amigo levou dois tiros. Tem 17 anos. Eu estou no terceiro ano. Estávamos no intervalo. Ouvi os tiros e vi pessoas correndo. Não se mais notícias dele”, disse Matheus Mariano chorando ao Estadão Conteúdo.
Uma das vítimas, Letícia Melo, de 15 anos, estava no intervalo quando levou um tiro de raspão nas costas. O estado de saúde dela é estável, segundo o primo, o autônomo Matheus Henrique Nunes, de 23 anos. “Ela passou de maca por mim e estava acordada. Não falou nada, mas dava para ver que estava assustada”, afirmou ao Estadão Conteúdo.
Segundo o Estadão Conteúdo, após o início do tiroteio na escola, alunos foram abrigados por professores e funcionários em salas de aula trancadas e uma parte dos estudantes recebeu proteção se trancando no estoque da cantina.
A estudante Kelly Milene Guerra, de 16 anos, contou ao Estadão Conteúdo cerca de 60 alunos que estavam com ela dentro da cantina trancada. Ela escutou vários tiros, mas não ouviu os atiradores falarem nada durante o ataque. “Ficamos lá dentro até a polícia chegar, mas não sabíamos o que estava acontecendo e de quem se tratava, então o medo continuou. Eles abriram a porta e mandaram a gente correr o mais rápido possível. Vi uns corpos no caminho”, disse a estudante.
O estudante Lucas Alves, de 16 anos, correu ao ouvir os tiros e pulou o muro atrás da escola. Ele relatou que professores trancaram as salas que só podem ser abertas pelo lado de dentro e abrigaram quem não conseguiu fugir . “Corri sem olhar pra trás”, disse ao Estadão Conteúdo.
Atendimento hospitalar
Em nota, a Prefeitura de Suzano informou que o Pronto Socorro Municipal já recebeu crianças com ferimentos leves e os feridos com maior gravidade estão sendo encaminhados ao Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, e ao Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba. A gestão municipal disse ainda que está dando suporte com equipes de emergência, como Defesa Civil, Samu e Guarda Civil Municipal.
A médica Debora Nogueira, diretora técnica e coordenadora do pronto-socorro do Hospital Santa Maria, em Suzano, relatou que uma das vítimas tinha uma arma branca semelhante a um machadinho transfixada em seu tórax.
“O paciente veio caminhando, gritando por socorro, a gente saiu, prestou atendimento e levamos para a sala de cirurgia. Foi o primeiro paciente cirúrgico que tivemos”, disse ao Estadão Conteúdo.
De acordo com a médica, os sete pacientes socorridos ao Santa Maria passaram por avaliação cirúrgica, e quatro deles foram transferidos para o Pronto-Socorro municipal. Um dos pacientes, inclusive, foi posteriormente levado ao HC pelo helicóptero Águia.
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas fará uma força-tarefa para atender as vítimas e os familiares do ataque. O grupo de suporte será formado por médicos e psicólogos.
A Escola Estadual Professor Raul Brasil tem cerca de 1,6 mil alunos, do sexto ao nono ano do ensino fundamental e ensino médio.
O governador de São Paulo, João Doria, cancelou toda sua agenda e se dirigiu ao local para acompanhar o trabalho de resgate e atendimento aos feridos.