A cidade de Sumé, no Cariri paraibano,
registrou na madrugada desta quinta-feira (11) a menor temperatura dos
últimos 37 anos na Paraíba. Os termômetros da Agência Estadual de Gestão
das Águas (Aesa) marcaram 11,6 graus. Segundo histórico do Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet), a menor temperatura já verificada no
Estado tinha sido em julho de 1976, no município de Monteiro, quando
chegou a 7,7º. A Aesa aponta que nas regiões do Agreste e Sertão, a
temperatura está dois graus abaixo da média climatológica prevista para
este mês e no Litoral e Brejo continuam dentro da média.
Segundo o meteorologista Alexandre
Magno, a baixa temperatura em Sumé é também considerada a menor já
verificada por um órgão de meteorologia do Estado. “Pelo histórico que
temos, a menor temperatura da Paraíba tinha sido registrada pelo Inmet
em 1976 e desde que a Aesa foi criada, ainda não tinha sido verificado
uma temperatura tão baixa como essa. Podemos dizer que essa foi o
extremo que já vimos e esse registro de 11,6 graus dificilmente será
alcançado”, explicou.
Na cidade, os moradores estranharam o
frio, que é para eles uma situação atípica já que o Cariri é considerado
uma das áreas mais quentes. “Eu acordei de madrugada com muito frio e
percebi que era uma situação anormal. Eu e minha esposa estávamos
deitados, agasalhados e com o cobertor e mesmo assim não conseguíamos
deixar de sentir o frio que chegou a ser desagradável”, disse o
assistente administrativo Carlos André de Freitas.
De acordo com o meteorologista Emerson
Rodrigues, a média climatológica prevista para o mês de julho no Cariri é
mínima de 15º e máxima de 30º, e que a temperatura registrada em Sumé
demonstra quase 4 graus abaixo do previsto. “Normalmente, nesse período
de inverno, sobretudo nos meses de julho e agosto até meados de
setembro, o Cariri é a região que apresenta as mais baixas temperaturas.
Como é o caso de Monteiro, que sempre registra baixas temperaturas
nesse período. Além de já ser uma temperatura considerada baixa para uma
região como o Cariri, percebemos que o que foi registrado durante a
madrugada de ontem em Sumé coloca a região muito abaixo do normal”,
frisou Emerson.
Ele explica que as mudanças nas
configurações climáticas da região são provocadas por fatores como o
aumento da amplitude térmica, proporcionada por uma maior distância
entre o sol e a terra em relação à Linha do Equador, além da umidade do
ar, trazida do oceano pacífico e também pelo fenômeno conhecido por
‘ondas de leste’. “As ondas de leste que se formam no campo de pressão
atmosférica, na faixa tropical, na área de influência dos ventos e que
se deslocam de oeste para leste saindo da costa da África até o litoral
leste do Brasil, atingindo sobretudo, a Paraíba. Elas provocam chuvas e
reduzem a temperatura das regiões onde há maior concentração e é isso
que está ocorrendo no momento”, disse o meteorologista.
Conforme Rodrigues, Campina Grande
também tem registrado baixas temperaturas desde o inicio do inverno,
chegando a marcar ontem de madrugada, 15.6º. Ele explica que a mínima
prevista para região do Agreste no período é de 17º e máxima de 25º Já
no Sertão, a cidade de Olho D’água, marcou 15.9º e Sousa, 17º. “Tanto o
Cariri, quanto o Agreste e o Sertão estão com temperaturas abaixo da
média e em algumas delas, chega a mais de 2º de inferioridade. Por
exemplo, a média do Sertão para o mês de julho é de mínima de 19º e o
que foi registrado em Olho D’Água mostra uma temperatura bem menor”,
ressaltou.
O meteorologista aponta também que
apesar de estarem mais frias, as regiões do Litoral e do Brejo, estão
dentro da média climatológica. “João Pessoa marcou na madrugada de
quinta-feira 20º de mínima e é justamente a média do mês. Já Bananeiras,
no Brejo marcou 17.6º o que também é o previsto para o período de
inverno”, disse. Emerson destaca que a temperatura continuará baixa até
por volta do dia 22 de setembro, quando o inverno se encerrará.
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Nordeste