Segundo relatório, 45% das mulheres foram abusadas durante o período de tratamento
Uma denúncia feita pela Victorian Mental Illness
Awareness Council (VMIAC), na Austrália, revela que 45% das mulheres
internadas em hospitais psiquiátricos do país foram abusadas sexualmente
durante o período em que estiveram em tratamento.
Além disso, a denúncia mostra que 70% das mulheres que acabam precisando de tratamento nestas clínicas já teriam sido vítimas de alguma forma de violência sexual anteriormente.
Aliás, na maioria dos casos, o abuso seria a causa de seus problemas mentais.
Mesmo após mudanças feitas recentemente, como a criação de quartos destinados apenas às mulheres, as vítimas dizem que os sistemas de proteção e de responsabilidade dos hospitais são “terrivelmente inadequados”.
Simone Reilly, uma mãe solteira de 32 anos, sofre de uma doença mental debilitante, incluindo ataques de mania que a levaram a internações diversas vezes.
O trauma de Simone é profundo. Ela foi raptada por um estranho quando tinha oito anos, e depois foi seguidamente molestada por um membro da família.
“Posso culpar a violência masculina por 100% dos meus problemas”, diz ela.
Quando ela foi para o Melbourne's Werribee Hospital, aproximadamente 18 meses atrás, a principal preocupação era protegê-la de novos ataques de homens.
Mas, ao invés disso, Simone foi abusada sexualmente cinco vezes durante o período em que esteve internada.
Ela pediu ajuda às enfermeiras, dizendo que homens tinham se masturbado na sua frente e também apalpado seu corpo. As enfermeiras, no entanto, disseram apenas que aqueles homens também eram doentes, e ignorou as queixas de Simone.
— Acho que foi pior ainda ter sido uma mulher a invalidar minha dor, porque eu achava que, por ser alguém igual a mim, ela deveria ficar do meu lado.
Após as queixas, Simone foi medicada com remédios que lhe sedaram. Na noite seguinte, um dos homens apareceu em seu quarto.
“Ela acordou no meio da noite e estava lá este homem, que já a havia atacado anteriormente, tirando a roupa na frente dela, com a intenção clara de lhe causar mal”, disse a mãe de Simone, Sari Smith.
— Ela tentou acabar com a própria vida na enfermaria, então nada está certo. Não vou deixá-la voltar lá nunca mais.
A denúncia publicada recentemente diz que metade das mulheres em hospitais psiquiátricos foi abusada sexualmente, que 67% foram assediadas sexualmente, e que 85% dizem que se sentiram desprotegidas.
Segundo o relatório, é comum ver homens circulando livremente nos quartos das mulheres.
A diretora do VMIAC, Isabell Collins, diz que é preciso agir.
— Não vamos mais tolerar essa cultura.
Merinda Epstein é outra paciente que também não vai mais voltar para o hospital. Internada logo após Simone, ela ficava na ala de alta dependência da clínica.
— Vivia acuada e achava que me machucariam fisicamente a qualquer momento.
Seus medos não eram infundados. Havia um homem que a ameaçava.
— Ele entrou no meu quarto a primeira vez e mostrou seus genitais. Ele gritou para mim e disse “Vou f... você! Vou f.... você!”, e me encurralou em um canto. Ninguém apareceu. Três dias depois, ele apareceu de novo.
Estas experiências não são privilégio deste único hospital. Julie Preston, outra paciente, foi estuprada no St Vincent’s Hospital.
Ela também tinha sofrido abuso sexual na infância e havia sido internada pela primeira vez aos 12 anos. Isso causou nela síndrome do estresse pós-traumático, estresse e distúrbio bipolar.
Depois de tentar se matar disparando uma pistola de pregos no coração, Julie foi para o St Vincent’s. Sua mãe, Karen Field, conta que um dia foi visitá-la e ela estava com um dos olhos roxo.
“Perguntei o que raios tinha acontecido, e eles disseram que ela tinha sido abusada por um outro paciente. Foram três vezes, e só na terceira eles decidiram remover o homem daquela unidade”, explica Karen.
E o terror continuou. Sete dias depois, Karen recebeu um telefonema do hospital, pedindo-a que fosse até lá rapidamente.
— Ela estava histérica, chorando e soluçando. Uma das enfermeiras me disse que ela tinha sido abusada sexualmente. Questionei se alguém tinha avisado a polícia e todos disseram que não. Nada havia sido feito. Estamos lutando em uma guerra perdida.
Julie nunca se recuperou do estupro. “A saúde mental dela acabou”, conta Karen. Em novembro de 2011, dois anos depois de ter sido violentada, Julie cometeu suicídio.
Isabell Collins, diretora do VMIAC, explica que incidentes como estes tiram toda a esperança das vítimas.
— Elas perdem a fé no sistema.
Ela recomenda que sejam feitas notificações aos psiquiatras chefes caso aconteçam episódios com este. Em relação à prevenção, que existam portas trancadas para pacientes femininos, e que só poderiam ser abertas por chaves portadas pelas enfermeiras.
O hospital Victoria's Mental Health Minister já tem alas exclusivamente femininas.
“As mulheres têm o direito a receber um tratamento livres de medo, vitimização, violência, abusos sexuais e traumas recorrentes”, avalia Mary Wooldridge, diretora da clínica.
R7.
Além disso, a denúncia mostra que 70% das mulheres que acabam precisando de tratamento nestas clínicas já teriam sido vítimas de alguma forma de violência sexual anteriormente.
Aliás, na maioria dos casos, o abuso seria a causa de seus problemas mentais.
Mesmo após mudanças feitas recentemente, como a criação de quartos destinados apenas às mulheres, as vítimas dizem que os sistemas de proteção e de responsabilidade dos hospitais são “terrivelmente inadequados”.
Simone Reilly, uma mãe solteira de 32 anos, sofre de uma doença mental debilitante, incluindo ataques de mania que a levaram a internações diversas vezes.
O trauma de Simone é profundo. Ela foi raptada por um estranho quando tinha oito anos, e depois foi seguidamente molestada por um membro da família.
“Posso culpar a violência masculina por 100% dos meus problemas”, diz ela.
Quando ela foi para o Melbourne's Werribee Hospital, aproximadamente 18 meses atrás, a principal preocupação era protegê-la de novos ataques de homens.
Mas, ao invés disso, Simone foi abusada sexualmente cinco vezes durante o período em que esteve internada.
Ela pediu ajuda às enfermeiras, dizendo que homens tinham se masturbado na sua frente e também apalpado seu corpo. As enfermeiras, no entanto, disseram apenas que aqueles homens também eram doentes, e ignorou as queixas de Simone.
— Acho que foi pior ainda ter sido uma mulher a invalidar minha dor, porque eu achava que, por ser alguém igual a mim, ela deveria ficar do meu lado.
Após as queixas, Simone foi medicada com remédios que lhe sedaram. Na noite seguinte, um dos homens apareceu em seu quarto.
“Ela acordou no meio da noite e estava lá este homem, que já a havia atacado anteriormente, tirando a roupa na frente dela, com a intenção clara de lhe causar mal”, disse a mãe de Simone, Sari Smith.
— Ela tentou acabar com a própria vida na enfermaria, então nada está certo. Não vou deixá-la voltar lá nunca mais.
A denúncia publicada recentemente diz que metade das mulheres em hospitais psiquiátricos foi abusada sexualmente, que 67% foram assediadas sexualmente, e que 85% dizem que se sentiram desprotegidas.
Segundo o relatório, é comum ver homens circulando livremente nos quartos das mulheres.
A diretora do VMIAC, Isabell Collins, diz que é preciso agir.
— Não vamos mais tolerar essa cultura.
Merinda Epstein é outra paciente que também não vai mais voltar para o hospital. Internada logo após Simone, ela ficava na ala de alta dependência da clínica.
— Vivia acuada e achava que me machucariam fisicamente a qualquer momento.
Seus medos não eram infundados. Havia um homem que a ameaçava.
— Ele entrou no meu quarto a primeira vez e mostrou seus genitais. Ele gritou para mim e disse “Vou f... você! Vou f.... você!”, e me encurralou em um canto. Ninguém apareceu. Três dias depois, ele apareceu de novo.
Estas experiências não são privilégio deste único hospital. Julie Preston, outra paciente, foi estuprada no St Vincent’s Hospital.
Ela também tinha sofrido abuso sexual na infância e havia sido internada pela primeira vez aos 12 anos. Isso causou nela síndrome do estresse pós-traumático, estresse e distúrbio bipolar.
Depois de tentar se matar disparando uma pistola de pregos no coração, Julie foi para o St Vincent’s. Sua mãe, Karen Field, conta que um dia foi visitá-la e ela estava com um dos olhos roxo.
“Perguntei o que raios tinha acontecido, e eles disseram que ela tinha sido abusada por um outro paciente. Foram três vezes, e só na terceira eles decidiram remover o homem daquela unidade”, explica Karen.
E o terror continuou. Sete dias depois, Karen recebeu um telefonema do hospital, pedindo-a que fosse até lá rapidamente.
— Ela estava histérica, chorando e soluçando. Uma das enfermeiras me disse que ela tinha sido abusada sexualmente. Questionei se alguém tinha avisado a polícia e todos disseram que não. Nada havia sido feito. Estamos lutando em uma guerra perdida.
Julie nunca se recuperou do estupro. “A saúde mental dela acabou”, conta Karen. Em novembro de 2011, dois anos depois de ter sido violentada, Julie cometeu suicídio.
Isabell Collins, diretora do VMIAC, explica que incidentes como estes tiram toda a esperança das vítimas.
— Elas perdem a fé no sistema.
Ela recomenda que sejam feitas notificações aos psiquiatras chefes caso aconteçam episódios com este. Em relação à prevenção, que existam portas trancadas para pacientes femininos, e que só poderiam ser abertas por chaves portadas pelas enfermeiras.
O hospital Victoria's Mental Health Minister já tem alas exclusivamente femininas.
“As mulheres têm o direito a receber um tratamento livres de medo, vitimização, violência, abusos sexuais e traumas recorrentes”, avalia Mary Wooldridge, diretora da clínica.
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