Amor e saudade, arte e cultura: Otacílio Gomes homenageia Dejinha de Monteiro em seu artigo

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Amor e saudade
ARTE E CULTURA
Dejinha de Monteiro, Dejinha do Nordeste

A música regional de Dejinha, esse autêntico forró pé-de-serra, resgata o que há de melhor do Romantismo clássico: a força do sentimento e a pureza do amor cortês.

A música de Dejinha de Monteiro é um verdadeiro encantamento estético nesses tempos de vazio musical. Por que nos encantaríamos ao ouvir palavras que nos inspiram a vivenciar sentimentos de: amor, paixão, saudade, perda e felicidade? A liquidez humana e a corrida desenfreada pelo sucesso a qualquer preço, na qual se tornou a vida, não tem encanto, só solidão e neuroses. O forró de Dejinha nos convida a pensar a vida sob outros ângulos: menos pretensioso, menos megalomaníaco. Na verdade, a nossa realização não estaria nas coisas simples da vida?
Nas letras de Dejinha recordo o ímpeto do amor romântico com toda a sua força: “Se é pra chorar, eu choro se é pra sofrer eu sofro, sem ninguém saber…”. O poeta, através das suas letras, não oculta os sentimentos que muitas vezes nos arrebatam, quer estejamos desesperados na rua: “saio pela madrugada, sem saber aonde ir, todo mundo que eu vejo, penso que é você ali”, quer no mais íntimo da nossa casa: “venha logo me amar… sem você eu não tenho valor… menina o que eu quero é o seu amor”. Sentimentos que às vezes doem, mas quão triste seria a nossa existência se pudéssemos viver sem eles.
O amor cortês desabrocha: o homem não é nada sem os encantos da mulher. É preciso senti-la, amá-la, chorar sua perda, lamentar seu erro. Tudo com um toque de realismo é verdade, pois, também não dá para “viver de aparência”, mesmo sabendo que “ainda te amo, ainda sinto saudade, você me deixou sem dizer a verdade”. Mesmo com esses retoques realistas, uma coisa não se pode ocultar: a nossa felicidade está no amor, é preciso busca-lo a qualquer preço.
A música regional de Dejinha, esse autêntico forró pé-de-serra, resgata o que há de melhor do Romantismo clássico: a força do sentimento e a pureza do amor cortês, pois nada melhor do que “dar valor a pessoa que ama”. É preciso ouvir o som de Dejinha para reencantar a nossa vida ao lado de quem agente verdadeiramente ama. Parabéns à Prefeitura de Monteiro por homenagear esse formidável forrozeiro: homem simples, grande sanfoneiro, Dejinha de Monteiro, Dejinha do Nordeste.
Otacílio Gomes da Silva Neto é natural de Carnaíba- PE. Tem graduação e mestrado na área de Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba. É professor da Universidade Estadual da Paraíba onde desenvolve ações na docência, na extensão universitária e na pesquisa envolvendo Educação, Política e Sociedade. Foi membro do Comitê de Ética da UEPB de 2008 a 2010 e foi diretor adjunto do CCHE/UEPB de 2010 a 2012.

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