Em ano eleitoral, Dilma Rousseff reduz em 28% viagens pelo país



Em 2012, foram 50 viagens para fora do DF contra 69 realizadas em 2011. Entre palavras mais ditas em discursos estão 'governo' e 'desenvolvimento'.

Em 2012, ano de eleições municipais, a presidente Dilma Rousseff reduziu o ritmo de viagens pelo país em relação a 2011. Segundo levantamento feito pelo G1, foram 50 viagens oficiais para fora de Brasília durante este ano, número 28% menor que 2011, quando a presidente deixou Brasília 69 vezes com destino a outras cidades brasileiras.
A lei eleitoral proíbe a participação de candidatos em inauguração de obras públicas nos três meses que antecedem as eleições. Neste período, de 7 de julho a 7 de outubro – data do primeiro turno das eleições –, Dilma fez apenas seis viagens. No mesmo intervalo em 2011, foram 32 cidades visitadas.
O levantamento é referente apenas a viagens oficiais e não leva em conta as viagens consideradas “privadas”, como as vezes em que Dilma deixou Brasília para subir no palanque de candidatos aliados. Nas eleições deste ano, ela viajou para São Paulo, onde participou de comício ao lado do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, Manaus (para apoiar Vanessa Grazziotin), Campinas (Márcio Pochmann), Salvador (Nelson Pelegrino) e Belo Horizonte (Patrus Ananias).
Desde o início das eleições, Dilma deixou claro sua intenção de se envolver o mínimo possível com campanhas, deixando sua participação em comícios apenas para o segundo turno. A presidente participou de um único evento no primeiro turno, ao lado de seu ex-ministro Haddad.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, chegou a dizer em julho que Dilma não tinha intenção de se envolver nas campanhas. “A presidente não tem intenção de se envolver. Aliás, ela tem dito reiteradamente [que] a melhor maneira de ela ajudar nas eleições é o Brasil continuar bem. Esta é a prioridade”, declarou Ideli na época.
Ideli afirmou ainda que não havia “menor possibilidade” de se trazer a disputa eleitoral para dentro do governo. A declaração foi feita para negar que a presidente estaria fazendo campanha a favor da reeleição do ex-ministro de Lula Luiz Marinho à Prefeitura de São Bernardo do Campo quando Dilma participou, em julho, da inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas na cidade.
Também são consideradas “privadas” as viagens que a presidente frequentemente faz para Porto Alegre, para visitar a família, e para São Paulo, onde faz exames médicos de rotina. Essas não foram contabilizadas.
Tanto em 2011 quanto em 2012, os principais destinos nacionais da presidente foram Rio de Janeiro e São Paulo. Em seguida vêm Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre. Somente esse ano, Dilma fez nove viagens oficiais à capital paulista e oito ao Rio de Janeiro.
No total, foram 119 viagens oficiais pelo país nos dois primeiros anos de governo Dilma, 64 a menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez 89 viagens durante o primeiro ano do primeiro mandato (2003) e 94 durante o segundo ano (2004).
Discursos e entrevistas
Dilma reduziu também quase pela metade o número de entrevistas concedidas à imprensa, tanto nacional quando internacional. Foram 35 entrevistas em 2012 contra 65 no ano passado. A exemplo de 2011, a presidente preferiu falar com a imprensa fora da sede do governo federal. Ela concedeu 13 entrevistas no exterior, outras 13 durante viagens nacionais e apenas nove no Palácio do Planalto, em Brasília.
Agenda internacional
Em relação ao ano passado, neste ano Dilma também reduziu o número de viagens internacionais. Foram 14 idas ao exterior, seis para países da América do Sul e América Central, além de duas para América do Norte (Estados Unidos), mais cinco para a Europa e uma ida à Ásia (Índia).
Em 2011, Dilma realizou 17 viagens para o exterior, sendo que a América do Sul e América Central também foram os locais mais visitados, seguidos de Europa e África. O ex-presidente Lula, por sua vez, viajou mais que sua sucessora. No seu primeiro ano de governo, 2003, foram 35 idas ao exterior e, em 2004, 24.
Nos discursos proferidos no exterior, as palavras mais pronunciadas por Dilma foram “Brasil”, “países”, “crescimento” e “mundo”. Temas relacionados à economia também tiveram destaque, como “crise”, “desenvolvimento”, “energia”, “comércio” e “investimento”.
A presidente também se referiu por diversas vezes aos “Brics”, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Figuram entre as palavras mais ditas “Rússia” e “Índia", além de “cooperação”, “oportunidades” e “integração”.
Um dos discursos que ganhou destaque internacionalmente foi o da abertura da 67ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Na ocasião, Dilma criticou o que chamou de “políticas fiscais ortodoxas” dos países ricos contra a crise financeira internacional.
Por outro lado, este ano Dilma recebeu mais autoridades estrangeiras em seu gabinete. Entre as 17 audiências com chefes de governo e de Estado, o presidente do Uruguai, José Mujica, foi o mais presente e realizou quatro visitas à Dilma. Cristina Kirchner, presidente da Argentina, esteve duas vezes com Dilma no Brasil.
Em 2011, Mujica também foi o chefe de Estado que mais apareceu na lista das 15 autoridades recebidas por Dilma no Brasil.

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