Cirurgia de ponte de safena fica menos agressiva



O novo método já chegou no Brasil

 Uma nova técnica de retirada da veia safena da perna deve tornar a cirurgia de ponte de safena menos traumática. No procedimento atual, parte da veia é usada para restaurar o fluxo de sangue do coração, comprometido pelo entupimento das artérias.
A técnica é invasiva e envolve a abertura do tórax. Além disso, a coleta da veia é feita por um longo corte longitudinal na perna ou por diversas incisões menores que vão desde a virilha até o tornozelo. Com o novo método, que já chegou ao Brasil e agora deve ser avaliado por um estudo do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, a veia passa a ser retirada por via endoscópica, reduzindo o corte no membro inferior para uma única incisão de no máximo dois centímetros.
Para o médico Ricardo Barros Corso, chefe da Clínica de Cirurgia Vascular do Hospital das Forças Armadas do Distrito Federal (HFA-DF), que já operou cerca de 70 pacientes com a técnica, o recurso trará menos complicações pós-operatórias e recuperação mais rápida. “Vários pacientes que necessitam da operação têm também dificuldade de cicatrização nas pernas”, diz Corso. Isso porque muitos são obesos, têm má circulação e são diabéticos, o que determina um processo de cicatrização complicado. Por esse motivo, o corte tradicional leva a uma maior incidência de infecção, inchaço e dor.
O médico Fernando Moraes, cirurgião vascular do Instituto do Coração de Pernambuco (Incor - PE), já fez 22 cirurgias com a técnica. “Uma vez que não existe uma incisão longa, o risco de apresentar dor é bem menor. A mobilidade do paciente é maior após a cirurgia, pois tem menos incômodo”, diz. De acordo com Corso, usando essa técnica, a incidência de complicações cai para um quarto em comparação com a cirurgia tradicional. O resultado de sua experiência com a técnica vai resultar em um artigo na revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV). “
No Brasil, temos hoje cerca de mil pacientes que foram operados pela técnica, o que é muito pouco, menos de 2% da casuística total do País em um intervalo de dois anos. Minha impressão é de que, nos próximos 5 a 10 anos, essa passe a ser a primeira técnica em aplicação”, diz. Atualmente, o Incor tem um projeto para avaliar essa tecnologia que, para ser posta em prática, ainda tem de passar pela comissão científica da instituição. A empresa Maquet, uma das fabricantes do equipamento que permite a coleta endoscópica dos vasos, deve ser parceira do instituto no projeto.
O objetivo é submeter 100 pacientes à nova tecnologia, que serão comparados a outros 100 pacientes tratados com a cirurgia tradicional. Corso observa que enquanto a maioria das especialidades passou a adotar a cirurgia videoendoscópica há bastante tempo, a cirurgia cardiovascular tem sido uma das últimas a usar incisões menores e cirurgias por vídeo.

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