Insuficiência renal e tumores estão entre algumas complicações decorrentes do uso prolongado de substâncias procuradas por adeptos da malhação
A busca pelo corpo perfeito, torneado por músculos
definidos e sem gordura. Em um país conhecido mundialmente pela beleza, o
sonho de um ideal estético pode estar sendo construído a preços altos,
em um caminho marcado pelo consumo prolongado de anabolizantes e
complicações inimagináveis para jovens adeptos da malhação, que vão de
câncer de fígado a suspeitas de tumores de testículos.
Assim, conforme observa o oncologista Dr. Fernando Cotait Maluf, do Hospital São José, a aparência de um corpo saudável pode esconder por trás uma pessoa doente. Um quadro preocupante que tem crescido entre os jovens brasileiros.
— O uso prolongado de anabolizantes propicia doenças cardíacas, respiratórias, psiquiátricas e pode levar a um aumentar as chances de tumores no fígado principalmente. Há suspeitas ainda de que o uso de anabolizantes e hormônios de crescimento, como o GH, influi em tumores no testículo, na próstata, assim como nas mamas e no ovário.
Segundo o especialista, tumores no fígado não aconteciam em pessoas tão jovens — na faixa dos 20 ou 30 anos — no passado. Antes relacionados a vírus de hepatite b e c, e ao uso de álcool, hoje os chamados tumores hepáticos estão aparecendo em pacientes sem histórico disso e que fazem uso dessas substâncias.
O risco é alto. Segundo o nutrólogo Dr. Milton Mizomuto, quase metade dos suplementos para quem malha são “contaminados” com algum anabolizante.
— Isso acontece, principalmente, com os suplementos importados. Com os nacionais, pelo menos nesse aspecto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é rigorosa.
Além de aumentar as chances de tumor de fígado e na parte genital, o uso de anabolizantes pode ter uma repercussão desastrosa no sistema cardiovascular. Segundo o Dr. Maluf, diversos “artigos falam em maior chance de infarto do miocárdio, alterações da coagulação levando a tromboses de veias das pernas e embolia pulmonar, além de alteração dos níveis de colesterol e triglicérides”. Em um quadro ainda pior, uso abusivo de anabolizantes pode levar a um quadro de psicose e comportamento agressivo.
Os anabolizantes são hormônios masculinos sintéticos que absorvem proteínas e retêm líquido, provocando inchaço dos músculos. O uso pode acarretar ainda uma diminuição na produção de esperma, impotência sexual, aumento do volume da mama e até mesmo diminuição dos testículos, lembra o Dr. Maluf.
— Os anabolizantes são usados para corrigir uma deficiência hormonal e não para melhorar artificialmente a performance de quem faz academia. Eu, por exemplo, prescrevo anabolizantes para pacientes com câncer que estão perdendo músculos ou peso. Mas eu sou a “ponta do iceberg”, já que a maioria é prescrita de modo não legal.
Segurança
Mas até que ponto, então, os anabolizantes podem ser usados? Segundo o Dr. Mizumoto, não há níveis seguros para o uso dessas substâncias. Ele lembra que os anabolizantes foram originalmente prescritos para idosos que perdem massa muscular e pacientes com queimaduras gravíssimas, e não para quem quer ficar “sarado”.
Assim, quem busca um desempenho adequado e um corpo “perfeito” deve procurar um treinamento adequado progressivo e dietas nutricionais de acordo com o seu biótipo e necessidades. Nenhum tipo de hormonioterapia deve acompanhar, a não ser para pacientes que apresentam deficiência desses. O ideal, explica o Dr. Mizumoto, é buscar um nutrólogo que entenda de medicina do esporte e condicionamento físico, para que possa avaliar as necessidades do paciente.
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Além de aumentar os riscos de insuficiência renal e tumores, alerta o nutrólogo, o uso prolongado de anabolizantes cria um círculo vicioso, já que a pessoa que o toma pode ver seus músculos atrofiarem se parar.
Um quadro preocupante que não parece estar com os dias contados, observa o Dr. Maluf.
— Acredito que seja uma tendência mundial, mas mais forte no Brasil que é muito comprometido com a beleza. Basta pensar em cirurgias plásticas para ver que o Brasil tem o maior volume do mundo.
Assim, conforme observa o oncologista Dr. Fernando Cotait Maluf, do Hospital São José, a aparência de um corpo saudável pode esconder por trás uma pessoa doente. Um quadro preocupante que tem crescido entre os jovens brasileiros.
— O uso prolongado de anabolizantes propicia doenças cardíacas, respiratórias, psiquiátricas e pode levar a um aumentar as chances de tumores no fígado principalmente. Há suspeitas ainda de que o uso de anabolizantes e hormônios de crescimento, como o GH, influi em tumores no testículo, na próstata, assim como nas mamas e no ovário.
Segundo o especialista, tumores no fígado não aconteciam em pessoas tão jovens — na faixa dos 20 ou 30 anos — no passado. Antes relacionados a vírus de hepatite b e c, e ao uso de álcool, hoje os chamados tumores hepáticos estão aparecendo em pacientes sem histórico disso e que fazem uso dessas substâncias.
O risco é alto. Segundo o nutrólogo Dr. Milton Mizomuto, quase metade dos suplementos para quem malha são “contaminados” com algum anabolizante.
— Isso acontece, principalmente, com os suplementos importados. Com os nacionais, pelo menos nesse aspecto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é rigorosa.
Além de aumentar as chances de tumor de fígado e na parte genital, o uso de anabolizantes pode ter uma repercussão desastrosa no sistema cardiovascular. Segundo o Dr. Maluf, diversos “artigos falam em maior chance de infarto do miocárdio, alterações da coagulação levando a tromboses de veias das pernas e embolia pulmonar, além de alteração dos níveis de colesterol e triglicérides”. Em um quadro ainda pior, uso abusivo de anabolizantes pode levar a um quadro de psicose e comportamento agressivo.
Os anabolizantes são hormônios masculinos sintéticos que absorvem proteínas e retêm líquido, provocando inchaço dos músculos. O uso pode acarretar ainda uma diminuição na produção de esperma, impotência sexual, aumento do volume da mama e até mesmo diminuição dos testículos, lembra o Dr. Maluf.
— Os anabolizantes são usados para corrigir uma deficiência hormonal e não para melhorar artificialmente a performance de quem faz academia. Eu, por exemplo, prescrevo anabolizantes para pacientes com câncer que estão perdendo músculos ou peso. Mas eu sou a “ponta do iceberg”, já que a maioria é prescrita de modo não legal.
Segurança
Mas até que ponto, então, os anabolizantes podem ser usados? Segundo o Dr. Mizumoto, não há níveis seguros para o uso dessas substâncias. Ele lembra que os anabolizantes foram originalmente prescritos para idosos que perdem massa muscular e pacientes com queimaduras gravíssimas, e não para quem quer ficar “sarado”.
Assim, quem busca um desempenho adequado e um corpo “perfeito” deve procurar um treinamento adequado progressivo e dietas nutricionais de acordo com o seu biótipo e necessidades. Nenhum tipo de hormonioterapia deve acompanhar, a não ser para pacientes que apresentam deficiência desses. O ideal, explica o Dr. Mizumoto, é buscar um nutrólogo que entenda de medicina do esporte e condicionamento físico, para que possa avaliar as necessidades do paciente.
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Além de aumentar os riscos de insuficiência renal e tumores, alerta o nutrólogo, o uso prolongado de anabolizantes cria um círculo vicioso, já que a pessoa que o toma pode ver seus músculos atrofiarem se parar.
Um quadro preocupante que não parece estar com os dias contados, observa o Dr. Maluf.
— Acredito que seja uma tendência mundial, mas mais forte no Brasil que é muito comprometido com a beleza. Basta pensar em cirurgias plásticas para ver que o Brasil tem o maior volume do mundo.
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