Falta informação sobre o diabetes tipo 1, especialmente nas escolas, alerta especialista



É essencial a família informar a presença da doença para diretores e professores

 Achar uma escola que ofereça estrutura adequada para cuidar do aluno que tem diabetes nem sempre é fácil. A dona de casa Elisângela da Silva Paulino, de 38 anos, vivenciou essa realidade e confirma que as escolas carecem de treinamento, informação e profissionais de saúde.
Elisângela é mãe de Stéfani Paulino, de 12 anos, portadora de diabetes tipo 1 desde os quatro. A doença, conforme explica o endócrino-pediatra Dr. Luis Eduardo Calliari, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, é mais comum na infância e adolescência.
— Por ser uma doença autoimune, o diabetes juvenil [como era conhecido] produz anticorpos que atacam as células do pâncreas, responsáveis por produzir insulina, impedindo o seu funcionamento. Com isso, há um acúmulo de açúcar no sangue que não é transformado em energia.
Segundo o Dr. Calliari, os principais sintomas para diagnosticar o diabetes são vontade constante de urinar, sede e fome excessivas e perda de peso. Para controlar a doença, a criança precisa fazer aplicações diárias de insulina, manter uma alimentação balanceada e praticar atividade física.
A escola também exerce um papel fundamental nesse processo, já que a criança passa boa parte do seu tempo na instituição. Por isso, é essencial a família informar a presença do diabetes para diretores e professores.
Como ainda falta informação sobre o assunto e muitas instituições de ensino não sabem lidar com o aluno diabético, a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) criou o site Diabetes nas Escolas, com o objetivo de disseminar conhecimento e esclarecer as dúvidas de professores e pais (www.diabetesnasescolas.com.br).
— Há famílias que ficam desesperadas por saber que as escolas não estão prontas para lidar com o diabetes. Apesar de haver palestras e reuniões sobre a doença, essas ações ainda atingem um nicho muito pequeno em São Paulo e no resto do País.
Elisângela se diz satisfeita com a escola atual de sua filha, mas, ainda assim, afirma que é necessária a presença de um profissional da saúde para atuar em casos de emergência.
— Algumas vezes deixei de fazer as atividades em casa para ir à escola aplicar insulina em Stéfani porque a glicemia estava alta ou quando ela precisava ficar até mais tarde para estudar.
Embora a garota já tenha idade suficiente para fazer a autoaplicação de insulina, a mãe conta que a filha tem vergonha de fazer o procedimento na frente dos amigos. Nesse caso, aconselha o Dr. Calliari, é importante que os pais estimulem a criança a manusear a insulina e assumir a doença.
— É crucial a família formar uma relação com a escola para trocar informações e mostrar que é possível viver bem com diabetes.
Educação física e passeios escolares
Crianças com diabetes podem participar de atividades físicas e passeios promovidos pela escola sem limitação. Isso é o que garante o endócrino-pediatra. Ele ensina que é fundamental a criança se alimentar antes dos exercícios e estar sempre bem orientada para agir em situações de hipoglicemia ou hiperglicemia.
— A criança deve ser tratada sem nenhuma limitação ou tratamento especial, mas com um olhar carinhoso para que ela não se sinta desconfortável, discriminada e insegura.
Apesar de o diabetes de Stéfani ser controlado, a mãe não deixa de tomar os devidos cuidados com a filha. Tanto que optou por deixar o trabalho de lado para dedicar o tempo à menina.
— Agora que ela está mais velha, eu a deixo ir aos passeios da escola e na casa dos amigos, mas sempre ciente sobre sua alimentação e os horários da insulina. Sou uma mãe dedicada e sei que crianças com diabetes são como qualquer outra pessoa. Se se cuidarem direitinho, terão uma saúde perfeita.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem