UPA também atende acima da capacidade em Campina Grande

Hospital de Trauma já havia denunciado superlotação esta semana.
MP realizou reunião para resolver problema na manhã da sexta-feira (31).




Depois que a diretoria do Hospital de Trauma e Emergência Dom Luís Gonzaga Fernandes de Campina Grande, Agreste paraibano, denunciou ao G1 a superlotação do hospital, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade também procurou a reportagem para mostrar que o atendimento na unidade está passando da capacidade. Segundo a diretoria técnica, o número cresceu mais de 50% em um mês e o serviço está sendo prejudicado.
Atendimento (Foto: Rafael Melo/G1)Atendimento fica complicado por conta do grande número de pacientes (Foto: Rafael Melo/G1)
Dados da Secretaria de Saúde do município apontaram que entre os dias 1 e 29 de agosto 10.226 pessoas foram atendidas na unidade, enquanto que em todo o mês de julho foram realizados 6.880 atendimentos, o que representa um aumento de mais de 50% no serviço prestado entre um e outro mês. "A demanda aumentou significativamente e estamos com dificuldade de atender esse volume", disse o diretor da unidade, o médico Breno Gracioso.
A apresentação dos dados por parte da assessoria surgiu depois que a direção do Hospital de Trauma reclamou que as unidades de saúde de Campina Grande estariam encaminhando todos os pacientes para o hospital. "Nós temos uma resolutividade dos casos aqui na UPA de 98% dos casos e encaminhamos apenas os procedimentos que não podem ser realizados por aqui. O que acontece é que a demanda está grande para todo mundo. O sistema de saúde vive um colapso", disse Breno.
Ele explicou que a unidade de porte 3 é a maior da Paraíba e que está habilitada para receber casos de baixa e média complexidade, como dor de garganta, diarreia, náusea, enjoo, doenças crônicas, febre, desidratação, hipertensão, dor torácica e cansaço, entre outras doenças.

Unidade tem salas para emergências (Foto: Rafael Melo/G1)
Unidade tem salas para emergências
(Foto: Rafael Melo/G1)
Os casos de emergência também são atendidos e até pequenas cirugias são realizadas na unidade, já que o local possui três salas de emergência e tem porta aberta 24h para acidentados, vítimas de tiros e outros. "O que é feito é estabilizar o paciente e encaminhar para o Trauma quando preciso porque aqui não é um hospital, apesar de estar funcionando quase como um deles", alegou o diretor. O local também recebe pessoas com problemas odontológicos e há assistentes sociais para atender vítimas de violência ou de exclusão social.
A unidade tem uma ala vermelha com as emergências, uma ala amarela para pacientes em recuperação e observação e uma ala verde apenas para medicação. Ninguém fica internado no local, recebendo apenas o atendimento inicial e se preciso sendo encaminhado para os hospitais de referência. O aumento da demanda, segundo a UPA, é devido à greve nos Postos de Saúde da Família (PSFs) que seriam responsáveis por tratar os casos nos bairros.
Os médicos dos PSFs de Campina Grande estão em greve há mais de três meses. O Tribunal de Justiça da Paraíba julgou ilegal o movimento e determinou que os profissionais voltassem ao trabalho, mas a classe não foi notificada e quase 200 mil pessoas que utilizam o serviço estão sem atendimento nos bairros. A secretária de saúde do município, Marisa Agra, disse que tem uma proposta para a classe, mas que não pode apresentar neste momento por conta do período eleitoral.
"Todo o volume dos PSFs e do Samu está vindo para a UPA e isso tem provocado um inchaço no atendimento difícil de contornar. Além disso, há a questão dos pacientes de outras cidades, embora 80% dos nosso pacientes sejam de Campina. Acredito que o Trauma tem se responsabilizado pela demanda de fora e a UPA, após se tornar conhecida, atende boa parte dos campinenses", alegou Breno.
"Nesse encaminhamento que fazemos para outros hospitais temos uma certa dificuldade e levamos até 3h até escoar os pacientes para o local adequado, que tem sido geralmente o Trauma. Como lá a situação está de superlotação, nós mendigamos vagas. A divisão que eles requerem, de mandar os casos clínicos para cá e apenas os de emergência para lá é importante e tem acontecido", disse Júlio César, coordenador de enfermagem da UPA.
Pacientes ficam em cadeiras porque não há mais leitos (Foto: Rafael Melo/G1)No Trauma, pacientes ficam em cadeiras porque
não há mais leitos (Foto: Rafael Melo/G1)
Para tentar resolver o impasse na saúde da cidade, foi realizada na manhã da sexta-feira (31) uma reunião entre diretores de hospitais da cidade, representantes das secretarias de saúde do estado e do município e promotores do Ministério Público. A direção do Trauma solicitava um hospital de suporte para ajudar nos casos mais simples, para que todos os casos não atendidos pela UPA não sejam encaminhados para o hospital, que deveria atender apenas emergências.
Na reunião, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado em que a secretaria de saúde da cidade, Marisa Agra, garantiu aumentar as verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) destinadas ao Hospital Pedro I. Ele funcionará como o hospital de suporte do Trauma recebendo casos mais simples. O Pedro I realizará cirurgias de ortopedia, maior demanda do Trauma. O acordo já passa a valer na segunda-feira (3).

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