MP não denuncia Marcelinho Paraíba e caso deve ir para juizado especial


Promotor entendeu que não houve tentativa de estupro do jogador.
MP requereu que Juizado Especial Criminal aprecie caso.


Entrevista coletiva de Marcelinho em Campina Grande (Foto: Karoline Zilah/G1)Promotor não denunciou jogador campinense
(Foto: Karoline Zilah/G1)
O Ministério Público não ofereceu denúncia contra o jogador Marcelinho Paraíba no caso em que ele é suspeito de tentar estuprar uma mulher. O promotor Marcus Leite, responsável pelo caso, disse ao G1 que, em sua avaliação, não teria existido tentativa de estupro e requereu, nesta terça-feira (18), à  5ª Vara Criminal de Campina Grande que o caso seja apreciado pelo Juizado Especial Criminal (JECrim), que julga infrações penais consideradas de menor potencial ofensivo.
O promotor recebeu o inquérito na segunda-feira (17) após quase dez meses do suposto crime decorrente de uma tentativa do atleta de beijar à força uma advogada durante uma festa na chácara de Marcelinho no ano passado.
O inquérito já havia sido entregue ao MP e devolvido à Delegada da Mulher, Herta França, três vezes. No dia 2 de agosto o promotor o devolveu pedindo a realização de um novo exame a pedido da vítima. Ela alegava que teria ficado com uma cicatriz. O exame de corpo de delito foi realizado porque, se caso ficasse comprovada a permanência de uma cicatriz, mudaria a tipificação do crime, de lesão leve para lesão grave, o que mudaria também a espécie do indiciamento. Porém, o resultado deu negativo e apontou que não há cicatriz em função do suposto ataque do jogador.De acordo com o promotor, o inquérito indicia o jogador campinense por importunação ofensiva, decorrente de uma lesão leve. "Eu não julguei que pudesse ter havido tentativa de estupro porque foi apenas um beijo. É muito frágil acusar por essa motivação. Não tinha nem testemunha para provar isso", disse o promotor. De acordo com o Código Penal Brasileiro, o crime de tentativa de estupro pode levar a uma pena de seis a dez anos de prisão.
O promotor disse que o juiz da 5ª Vara Criminal deverá atender ao requerimento feito por ele e remeter o caso para ser avaliado pelo Juizado Especial. "Acho que afirmar que foi tentativa de estupro em função de um beijo é uma banalização", disse. Segundo ele, a competência do caso é do Juizado Especial, por se tratar de uma infração penal considerada de menor potencial ofensivo. No mesmo inquérito, amigos de Marcelinho também são indiciados por desacato a autoridade e resistência à prisão.
marcelinho paraíba (Foto: Reprodução/TV Paraíba)marcelinho paraíba (Foto: Reprodução/TV Paraíba)
Entenda o caso
De acordo Fernando Zoccola, primeiro delegado que atuou no caso, a suposta vítima afirmou em depoimento que o crime aconteceu de madrugada em uma festa no sítio do jogador em sua cidade natal, Campina Grande, para comemorar a ascenção do Sport, time em que jogava, à Série A do Campeonato Brasileiro. O caso aconteceu no dia 30 de novembro de 2011.
Segundo ela, Marcelinho forçou um beijo e a agrediu, puxando seus cabelos. A mulher apresentava cortes na boca e foi levada para a Unidade de Medicina Legal (UML) para ser submetida a um exame de corpo de delito.
Além de Marcelinho Paraíba, outros três amigos foram detidos durante o tumulto. Eles foram indiciados por resistência à prisão e desacato a policiais militares. Na ocasião o jogador chegou a ser preso no presídio Raymundo Asfora, o Serrotão de Campina Grande, e foi liberado após uma determinação da Justiça.
Durante as investigações o irmão da vítima, o delegado Rodrigo Pinheiro, foi afastado de suas atividades na 5ª Delegacia Distrital de Campina Grande depois de ter sido acusado pelo jogador de ter voltado à festa com a Polícia Militar e ter efetuado disparos, após ter tirado a irmã do local. Ele foi acusado de abuso de autoridade.
Em entrevista no dia da prisão do atleta, Rodrigo Pinheiro negou ter atirado e disse que, na verdade, os policiais militares efetuaram alguns disparos para cima porque estavam sendo cercados por pessoas armadas que queriam impedir a prisão de Marcelinho. "Pior que a acusação do estupro é o que o delegado fez ao atirar e dizer que Marcelinho estava armado", disse o promotor Marcus Leite.

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