Mais de 70% do território do estado da Paraíba está suscetível ao processo de desertificação. O fenômeno está relacionado com os aspectos do clima árido, mais evidente nas regiões do Cariri, Sertão e Seridó, mas a ação do homem é a principal causadora das transformações drásticas que o solo vem sofrendo. O resultado é a infertilidade de muitas localidades, que só poderão ser recuperadas depois de décadas da utilização de técnicas específicas de manuseio da terra.
O pesquisador e chefe geral da Embrapa Algodão, Napoleão Beltrão, explicou que as práticas que estão sendo utilizadas por moradores e trabalhadores da zona rural do Estado, têm sido extremamente prejudiciais à saúde do solo. “O manejo equivocado do solo traz graves danos ao meio ambiente e as consequências disso são, dentre outras, a improdutividade do lugar”, alertou. De acordo com o especialista, a desertificação é a perda da capacidade produtiva dos ecossistemas, causada pela ação antrópica, ou seja, do homem.
O preocupante, segundo o chefe da Embrapa, é que para cada centímetro de solo danificado, são necessários mil anos para que a natureza (da região semiárida) recupere aquele ponto que sofreu os efeitos da transformação do solo. “Esse processo é geral no Nordeste, mas a Paraíba é o estado que mais sofre, justamente por ser o mais desertificado”, disse ele.
Conforme informou, 72% do solo paraibano já faz parte dessa transformação e a criação de animais de forma desordenada é um dos principais causadores desse dano. O pesquisador informou que em regiões como o Cariri e Seridó, criadores de caprinos e gado, especialmente, costumam exagerar na quantidade de animais por hectare, provocando a compactação do solo de tal forma que impossibilita o uso para a agricultura.
Ele explicou dando um exemplo de que, enquanto o ideal é a criação de um boi para cada 20 hectares, o que se observa nessas regiões é a criação de 10 animais por cada hectare de terra. “O pisoteamento dos animais acaba compactando o solo e nem as plantas nativas da Caatinga conseguem sobreviver a essa degradação”, informou. Além do processo antrópico, a seca deste ano e a consequente diminuição de chuvas acabam interferindo na ação.
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