Aécio diz que Lula age como líder de facção


Senador acusa ex-presidente de 'manchar a própria biografia' quando defende os réus do mensalão

 O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de agir "como líder de facção" e de manchar a própria biografia, quando defende os réus do mensalão e ataca a oposição "de forma extremamente agressiva" nos palanques eleitorais. "O que nós estamos percebendo é que o lulismo da forma que existia, quase messiânico, que apontava o dedo e tudo seguia na mesma direção, não existe mais", afirmou o senador, para quem os ataques do petista não têm surtido o efeito que ele desejava.
De olho na eleição de 2014, Aécio realiza um périplo por cidades nordestinas, como Maceió, onde candidatos tucanos disputam a Prefeitura. O objetivo tem mão dupla: de um lado, ele dá impulso nessas candidaturas na reta final e de outro, fortalece seus laços políticos com lideranças regionais para uma eventual candidatura presidencial. Na passagem por Alagoas, ele fez uma carreata pelas principais ruas de Maceió ao lado do candidato tucano Rui Palmeira, líder disparado nas pesquisas, e depois seguiu para Arapiraca, onde o candidato do partido, Rogério Teófilo, encontra dificuldades.
Em entrevista dada nesta sexta-feira num hotel na orla de Maceió, Aécio deu resposta às declarações ácidas de Lula contra os tucanos nos palanques eleitorais, principalmente em São Paulo. Segundo Aécio, o lulismo está enterrado e os ataques mostram desespero do ex-presidente. "Claro que ele (lulismo) sempre terá avaliações positivas em algumas regiões de sua influência, mas da forma como existia no passado, estamos percebendo que não existe mais", enfatizou.
Segundo o senador, ao agir com virulência, Lula "está na verdade abdicando da condição de ex-presidente de todos os brasileiros para ser um líder de facção. Não é bom para ele, nem para sua história", afirmou. Ele disse que a tática tem surtido efeito inverso, como no caso de Belo Horizonte, onde Lula fez ataques ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Parece que o incomoda ainda bastante a figura do ex-presidente (FHC), mas sua ida não alterou em nada as pesquisas eleitorais (em Minas)", relatou.
Afiado, Aécio disparou também na direção do candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, que o chamou de despreparado para ser presidente da República e o aconselhou a ler mais - um livro por semana, ao menos. "Acho que ele passou ali um recado ao presidente Lula (que não tem curso superior e tem fama de ler pouco). Ele não me parece satisfeito com o apoio do ex-presidente", observou o tucano, lembrando que, apesar do "tsunami de recursos financeiros investidos", a campanha de Haddad não deslanchou.
Aécio disse que preferia ser lembrado por Haddad com mais gentileza. "Achei que ele fosse me cumprimentar, por ter levado Minas Gerais, com mais de 850 municípios, a ser, segundo o Ideb, o Estado que tem a melhor educação fundamental do Brasil", observou. "Se ele me perguntasse a receita, eu lhe diria: é humildade e competência, duas características que ele não demonstrou ter ao longo da sua vida pública. É uma oportunidade de ele perceber que, para avançar na vida pública, não basta apenas um padrinho político", alfinetou.
O senador disse que, como mineiro, "não coloca o carro na frente dos bois", mas se colocou como alternativa do partido para a disputa presidencial em 2014. "Agora nós vamos nos dedicar a sair bem das eleições municipais, principalmente no Nordeste e no ano de 2013 vamos discutir com a sociedade qual a nova agenda do País, uma proposta que seja mais generosa com o Brasil real e não tão concentradora como a atual", explicou. "A partir daí vai surgir uma candidatura. Se recair sobre mim essa responsabilidade, obviamente eu estarei preparado", assegurou.
Ele não quis fazer uma associação direta da viabilidade eleitoral de sua candidatura com o vazio de poder gerado pelo julgamento do mensalão, que emparedou o PT. "Não faço essa ligação direta. O julgamento do mensalão fortalece é a ética na política. Acho que teremos um Brasil melhor", afirmou. Ele manifestou certeza de que não haverá pizza e lembrou que a sociedade tem absoluta confiança nos ministros do Supremo Tribunal Federal. "Aqueles sobre os quais as provas não forem cabais serão inocentados e aqueles sobre quem recaírem provas definitivas serão com certeza responsabilizados".
Para o senador, como regra geral, o julgamento do mensalão será positivo para a vida brasileira, "porque nós vamos deixar para trás uma página virada da história do Brasil". Ele se referiu ao sentimento de impunidade que permeia as gerações atuais do Brasil e previu que "isso não acontecerá mais". Mas alegou que não tem utilizado a questão do mensalão como um ativo eleitoral nessa eleição.

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