Vitalzinho deixa brigas de lado e faz homenagem a Ronaldo Cunha Lima.



Em discurso emocionado proferido na tarde desta segunda-feira (09), no Plenário do Senado Federal, o senador Vital do Rêgo (PMDB) deixou de lado as animosidades políticas e homenageou o ex-senador Ronaldo Cunha Lima que morreu no último sábado (07), em João Pessoa aos 76 anos. O senador fez questão de enfatizar que estava manifestando na tribuna do Senado, o sentimento de toda a Paraíba. “Mas eu quero, em nome da Paraíba, ocupar esta tribuna para falar desses mesmos sentimentos, e interpretar a emoção de irmãos paraibanos que no o sábado se despediram do poeta – é assim que o chamávamos – Ronaldo Cunha Lima”, disse.


Em seu discurso, Vital destacou toda a trajetória de Ronaldo Cunha Lima, e enalteceu as qualidades do ex-governador, como homem público, orador e poeta que encarnou o sentimento e um povo. Lembrou que Ronaldo ocupou todos os cargos públicos que um político deseja, desde vereador, deputado estadual e deputado federal, prefeito de Campina Grande, governador e senador.

Entre os diplomas, os versos de poeta e os embates nos tribunais do Júri, Ronaldo conforme sublinhou Vital, foi vendedor de jornais e garçom. “Hoje, na condição de seu amigo, mas também de histórico adversário, venho falar sobre ele do alto da minha insuspeição, porque jamais vi um homem com tamanha capacidade criativa”, disse Vital, que destacou a habilidade do ex-senador com as palavras.

O senador também fez questão de relatar o sentimento que tomou conta de toda a Paraíba, manifestado nos milhares de homens e mulheres que foram às ruas de Campina Grande para fazer as últimas exéquias àquele que, sem dúvida alguma, construiu belíssimas páginas na história da política contemporânea do Estado. “Ronaldo, o Poeta, o advogado, o político, lutou bravamente contra complicações pulmonares e nos deixou, no último sábado, em seu apartamento, ao lado de Glória, de Cássio e de seus filhos” recordou.

Diante de vários parlamentares, Vital ressaltou que a imprensa nacional, registrou importância, de Ronaldo para o nosso Estado narrando a sua trajetória de um líder inconteste.

Um dos trechos do discurso de Vital foi reservado para enaltecer o lado eloquente de Ronaldo. O senador enfatizou que mais que um homem público que deixou seu nome escrito na história, Ronaldo foi um exímio orador, e um poeta que brincava com as palavras. “Na rapidez com que falava, construía, ora com versos, ora com a dialética política, ora com o vernáculo mais rebuscado, ou simplesmente com palavras bem próprias do povo, aquilo que seus liderados iriam ouvir, encantar-se e acompanhá-lo nas contentas políticas de Campina Grande e na Paraíba”, lembrou.

Como não poderia ser diferente, o senador também destacou o lado político de Ronaldo e as suas vitórias e históricos embates nas campanhas que disputou. “De vendedor de jornal e garçom, o filho de Dona Nenzinha chegou a Governar a Paraíba e ser seu representante no Senado da República. Sua carreira foi, sem dúvida alguma, marcada por vitórias e grande embates” disse.

Demostrando conhecer bem a vida de Ronaldo, o senador Vital também lembrou na Tribuna do Senado a luta do político pela redemocratização do país. Voltando no tempo, disse que ele conheceu o lado escuro da ditadura militar, essa que reduziu por força o AI-5, toda uma geração de jovens homens públicos brasileiros.

Entre o passado e o presente, Vital também fez questão de recordar dos embates que o seu pai Antônio Vital do Rêgo travou com o poeta pela Prefeitura de Campina Grande e no Tribunal do Júri que fascinava muitos paraibanos. “Não posso falar de Ronaldo sem lembrar o mais histórico adversário e, com certeza, ao final da vida, o mais próximo ou um dos mais próximos amigos, o meu pai, Vital do Rêgo. Dos embates pela Prefeitura de Campina, 68 e 82, ou nos tribunais do júri, o que fascinava entre eles era a cultura.”

Os dois conforme recordou Vital, foram vítimas do AI-5, cassados na mesma época, quase ao mesmo tempo, quase na mesma lista. “Para eles e para homens daquela geração – neste momento, reverencio figuras que marcaram essa geração, como Raimundo Asfora, Sílvio Porto, Osmar de Aquino -, fazer política era uma festa cívica permanente”, disse.

Emocionado, Vital lembrou que há dois anos perdeu vai Vital do Rêgo e no último sábado a Paraíba deixou de ter Ronaldo na sua convivência diária. “Certamente, a sua passagem e a grandiosidade da sua obra, no campo político ou no campo literário, serão imortalizadas por todos aqueles que admiraram o grande poeta e homem público”, destacou.

Vital encerrou o seu discurso prestando homenagem á dona Glória Cunha Lima, marcante esposa – 53 anos como companheira inseparável – ao colega  Cássio Cunha Lima, que carrega, desde jovem, a marca da extensão política de Ronaldo na vida pública e que honra essa bela história, e aos outros filhos do poeta Savigny Cunha Lima, a Ronaldo Cunha Lima Filho e à Glauce Cunha Lima. “A todos os meus mais sinceros pêsames e sentimentos. Que esta palavra de hoje seja o retrato em preto e branco do que eu vi, li e senti da comoção da Paraíba com o falecimento do poeta Ronaldo”, encerrou.

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