Empresas da Paraíba estão aumentando as vendas com a implantação de lojas virtuais nos seus estabelecimentos. Só no projeto Pontocom, do Sebrae-PB, 85% das empresas atendidas passaram a vender seus produtos e serviços pela internet. A redução da alíquota de ICMS para comércio eletrônico de 17% para 2% no Estado também aumentou a procura de empresas nacionais que pretendem se instalar na Paraíba. Além disso, a aprovação no Senado da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras de tributação também cria um cenário mais favorável e aumenta as perspectivas de crescimento do e-commerce. De acordo com a gestora do projeto do Sebrae-PB, Daniele Raposo, a estimativa é que no País, cerca de 15% das pequenas empresas atuem através da internet e que na Paraíba esse percentual é ainda menor. Além disso, desse percentual, boa parte não efetua vendas e, por isso, um dos maiores focos do trabalho é fazer com que as lojas não apenas adotem sites institucionais para expor a empresa, mas para realizar as vendas online. “Das 220 empresas que atendemos desde agosto do ano passado a maioria já passou a vender pela internet. São estabelecimentos de vários setores, como indústrias de móveis, fabricação de mesas de jogos, calçados, confecção e serviços ligados à alimentação. E não é só um catálogo online, mas comércio eletrônico mesmo”, afirmou. Segundo ela, desde agosto, houve um investimento de R$ 320 mil até o mês de maio, através do Sebrae Tec, que é um fundo de incentivo e implantação de tecnologia em que o Pontocom faz parte. O projeto continua até o próximo ano e a expectativa é que o trabalho seja intensificado neste segundo semestre e que sejam atendidas duas mil empresas do Estado. “A grande novidade para o semestre é a questão do curso de internet para os pequenos negócios. É um caminho sem volta e quem está fora está fora justamente do mais importante canal de aumento de competitividade. É um meio barato, ágil e onde consegue uma espécie de termômetro para colocar o produto no mercado. É um novo momento para o consumo”, destacou Daniele Raposo. Para ela, com o avanço da classe C, as pessoas passam a comprar desde comida a aparelhos eletrônicos, mas as empresas não bastam ter interesse em aproveitar esse mercado, mas devem se capacitar para ter competitividade em relação às grandes empresas, principalmente do Sudeste. Mudanças fiscais e tributárias criam novo cenário de crescimento do setor O comércio eletrônico da Paraíba e de vários estados vai ganhar um novo cenário com mais oportunidades de crescimento com a mudança das regras de tributação do ICMS para as vendas online. No início deste mês o Senado aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras para o e-commerce em todo país e a expectativa é que seja aprovada também na Câmara neste segundo semestre. De acordo com o secretário Estadual da Receita, Marialvo Laureano, a PEC considera os consumidores finais como contribuintes e isso é bem melhor para o Estado. A proposta faz com que os Estados de destino fiquem com a maior parte do ICMS das transações comerciais. No comércio eletrônico, todo o imposto é recolhido pelo estado de origem. Nas regras atuais, quando uma mercadoria vendida pela internet de empresas de São Paulo, por exemplo, e sai para a Paraíba, a alíquota tributada na origem é de 18%. “Com a mudança, ficaria de 7% no estado de origem e o restante para a Paraíba. Esperamos que seja aprovada logo porque já entra em vigor no próximo ano. O volume de vendas é muito grande e quem fica com o imposto é São Paulo. A estimativa é que o estado fique com R$ 1,5 bilhão, mas com a nova legislação isso deve ser partilhado. Isso é uma demanda antiga, principalmente dos estados do Nordeste”, frisou o secretário da Receita. A estimativa é que a Paraíba perca de R$ 18 milhões a R$ 20 milhões por ano em ICMS no comércio eletrônico com as regras atuais. Além disso, está aumentando a procura de empresas nacionais que pretendem instalar unidades na Paraíba, após a redução de ICMS de 17% para 2% em maio deste ano. Ainda não há nenhuma empresa se beneficiando com a lei, mas pelo menos quatro empresas estão com processos em negociação segundo a Secretaria Estadual da Receita. “A lei incentiva a vinda de outras empresas para que vendam para fora do Estado. A ideia é incentivar a geração de emprego porque para ter o benefício é preciso que estejam instaladas fisicamente e que os produtos saiam daqui”, explicou Marialvo Laureano. Ele lembrou que para ter direito ao regime especial de ICMS a empresa terá que procurar a Secretaria e assinar o termo de compromisso. Ele também informou que os incentivos não atingem as microempresas optantes do Simples Nacional. Loja virtual aumenta vendas, mas falhas em logística emperram crescimento do setor A implantação do comércio eletrônico aumenta o faturamento de empresas não só através das vendas feitas pela loja virtual, mas também, porque divulga mais os produtos e incentiva os negócios no próprio estabelecimento. É o que avalia a proprietária da Linear Móveis, em João Pessoa, Cláudia Cecília Gueiros. Ela contou que passou a vender os produtos pela internet em abril deste ano e os resultados logo apareceram. “Uma coisa é certa: colocou na internet vende. Trabalho no setor há 26 anos e nos últimos seis colocamos um site com um catálogo online dos produtos e já nesse serviço já sentia um reflexo porque as pessoas vêem e vão na loja. Clientes até mesmo da própria cidade muitas vezes fazem o primeiro contato dos produtos pela internet”, relatou. Segundo ela, o diferencial da loja virtual é que lança a loja de fato para o resto do país, pois amplia as possibilidades de vendas para clientes de outros estados. Por conta do aumento no movimento na loja virtual, ela disse que está preparando funcionários específicos para monitorar as vendas online. “É algo muito dinâmico e que requer dedicação o tempo todo. Por enquanto, estou assumindo este cuidado, mas estamos entrevistando pessoas para isso. Às vezes não tem como parar o atendimento físico para se dedicar ao virtual. Com as redes sociais sim que devemos ter um acompanhamento dedicado para dar agilidade, exige uma manutenção diária”, explicou. No entanto, segundo Cláudia Gueiros, a maior dificuldade encontrada para alavancar os negócios está nas falhas de logística em transporte. Com isso, muitas das vendas não são finalizadas, pois não há como a carga ser levada para boa parte dos estados. “Essa é minha grande frustração. Deixo de crescer mais porque não temos transportadoras. É um serviço muito reduzido ainda mais pelo fato de serem móveis os nossos produtos. Encarece o frete e nem todo móvel pode ser 100% desmontável. Muitas transportadoras não fazem também pelo risco de quebrar, mas já aplicamos embalagens reforçadas e nosso produto é maciço e difícil de quebrar”, destacou. De acordo com a proprietária da loja, para o eixo Rio de Janeiro e São Paulo existem mais opções de transporte. A maior demanda está nos estados do Sul e Sudeste, mas se for para Estados como Mato Grosso ou no Norte as vendas não são feitas, segundo ela. “Temos um produto que é vendável, mas essas falham limitam o sucesso da empresa. Já deixei de fazer vendas até pata o interior do Ceará porque não há transportadoras que atuem nessas áreas. Ainda é preciso o desenvolvimento de outros serviços para que nosso comércio eletrônico avance mais”, afirmou. Custos para criar loja virtual são de R$ 3 mil Empresas especializadas na criação de lojas virtuais também estão faturando mais com o crescimento do e-commerce na Paraíba. O perfil do site disponibilizado pela empresa varia muito de acordo com o objetivo do estabelecimento, mas os custos para começar a mostrar seus produtos e serviços na internet são em torno de R$ 3 mil. De acordo com o diretor da Construir Sites, especializada na criação de lojas virtuais, Alcir Lima, os empresários estão percebendo cada vez mais que entrar na internet melhora os lucros e isso está aumentando a procura pelo serviço. Para ele, as empresas que não atuam no mundo virtual tendem a sair do mercado. “Existem as gerações x, y e z, que são as gerações dos que nasceram antes da internet; depois aqueles que já nasceram no surgimento da internet, estão no trabalho e tem poder de compra, são familiarizados com esse novo mercado; e a geração mais nova, com 20 anos, que já nasceu com a internet a todo vapor e está mudando a forma de pesquisa e consequentemente todos os costumes com o formato digital e procura na internet”, explicou. Para ele, é importante que as empresas verifiquem qual o seu público e pensem as várias formas que querem estar na internet. “Algumas empresas querem apenas um site institucional para mostrar quais os serviços, parceiros e quem fizer a busca vai achar diretamente e poder olhar. Já outras empresas sentem necessidade e pode ser melhor expor diretamente os produtos, seja para fazer o primeiro contato ou para efetuar a compra no próprio site”, esclareceu. Segundo Alcir Lima, é preciso definir de acordo com o serviço que a empresa pretende oferecer. Mesmo assim, independente das particularidades, ela alega que qualquer que seja o perfil do site, trará vantagens, pois é algo que ultrapassa barreiras das lojas físicas, que têm hora para abrir e fechar. Passo a passo parar botar o negócio na web - definir a melhor forma de entrar na internet de acordo com o serviço a oferecer; - escolher o domínio da empresa, que é o endereço onde os clientes deverão acessar a loja virtual; - desenvolver o layout, imagem de como ficará a aparência da empresa na internet; - definir as formas de pagamento que a empresa irá utilizar para receber os pagamentos dos clientes virtuais, podendo ser depósito bancário ou cartão de crédito; - depois de configurada a loja virtual, é importante fazer um treinamento da equipe para cadastramento dos produtos na loja virtual e iniciar as vendas. Preços para entrar no e-commerce 1 - Página personalizada - A partir de R$ 2 mil (pode permitir ou não venda diretas, e pode ser integrado com sistema de gestão da empresa e deixar alguns processos de forma automática) 2 - Loja Virtual - a partir de R$ 2.600 (permite vendas diretas) 3 - Página pré-pronta - modifica-se apenas o layout: a partir de R$ 800 (não permite vendas diretas) |
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