Nascem primeiros ovinos e caprinos de alto padrão genético de embriões importados pela Emepa.


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A transferência de embriões de ovinos e caprinos importados da África do Sul, promovida pela Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), em fevereiro deste ano, resultou, até o momento, no nascimento de 116 animais de alto padrão genético. O objetivo desse trabalho, realizado na Estação Experimental de Pendência, no município de Soledade, é repassar aos produtores rurais da agricultura familiar essa nova genética que pode melhorar o índice de produtividade e aumentar a renda.

Segundo Wandrick Hauss de Sousa, diretor técnico e pesquisador da Emepa, o Projeto de Transferência de Embriões visa renovar a genética dos rebanhos da empresa de pesquisa e, posteriormente, multiplicar esses animais com padrões genéticos superiores e distribuí-los nos rebanhos dos produtores.

Esta ação de distribuição de animais com maior potencial genético, somado a ações de qualificação nutricional e sanitária, possibilitará que os produtores da base familiar aumentem seus ganhos e melhorem sua qualidade de vida e segurança alimentar. Com a qualificação dos rebanhos de caprinos leiteiros será beneficiado o Programa do Leite na Paraíba.

O projeto – Foram importados da África do Sul 910 embriões ovinos e caprinos com alta carga genética, utilizando recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep). Em fevereiro, foi transferida parte desses embriões para mães de aluguel.

Entre os dias 25 e 30 de junho, foi realizada uma missão técnica do doutor Antonio López Sebastiáns, professor titular do Departamento de Reprodução Animal do Instituto Nacional de Pesquisa e Tecnologia Agrária y Alimentar (Inia) de Madrid, que executou a segunda etapa do trabalho de transferência de embriões e deu capacitação a pesquisadores que coordenam as atividades de reprodução animal na Emepa.

Na primeira etapa, profissionais da África do Sul implantaram embriões de caprinos das raças Boer, Savanna, British Alpine e Saanen e de ovinos das raças Dorper e Dámara. As receptoras foram fêmeas dos rebanhos da Emepa e outras adquiridas especificamente para esses fins.

Também em fevereiro passado uma nova missão técnica de pesquisadores à África do Sul teve como objetivo selecionar doadores para uma próxima importação de embriões, que serão adquiridos com recursos federais do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), com contrapartida do Governo do Estado.
 
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A terceira e última etapa da fase 1 desse projeto será realizada na última semana de novembro próximo com a implantação de mais 280 embriões.

Estação de pesquisa – A transferência de embriões e outros tipos de pesquisa e experimentações acontecem no laboratório de reprodução animal da Estação Experimental de Pendência. "Os produtos gerados servirão para repor os rebanhos da Emepa e suprir o programa de repasse de animais para os produtores. Estamos equipando esse laboratório para fazer o trabalho com todos os nossos rebanhos e assim transformar a inseminação artificial e a transferência de embrião em atividades a serviço da comunidade rural. Esse trabalho é um instrumento para o melhoramento, multiplicação e fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (APL) da ovinocultura de corte e da caprinocultura de corte e de leite”, esclarece o pesquisador Wandrick Hauss.

Ele explica que a escolha das linhagens sul-africanas se deu pela adaptação ao ambiente local das raças e pelo fato de que a Paraíba já tem experiência de mais de 15 anos na reprodução desses animais. Para o diretor presidente da Emepa, Manoel Duré, é preciso investimento em genética e melhorar significativamente os níveis de produção - para que a Paraíba ganhe investimentos no futuro.

Wandrick Hauss ressalta que a Paraíba já foi o maior produtor de leite de cabra do país, chegando a produzir até 18 mil litros por dia. "Visualizamos um projeto de retomar a genética e disponibilizar mais animais reprodutores e matrizes para todos os níveis de produtores, além de oferecer-lhes o Programa Estadual de Alimentação Animal, que é desenvolvido pela Secretaria do Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap) e tem o objetivo de tratar da alimentação dos rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos, favorecendo uma nutrição adequada para a sustentabilidade da produção”, explica.

Inscrições de produtores – A Emepa abriu inscrições para seleção e credenciamento dos produtores individuais e das associações de produtores rurais dentro do Programa de Fortalecimento da Caprinovinocultura. O edital foi lançado em junho e prevê a cessão de uso de aproximadamente 50 animais reprodutores.

"O produtor se inscreve e se habilita a receber um animal reprodutor durante dois anos, sem custo algum. Esse projeto vai possibilitar a geração de vários animais a partir desses reprodutores. O programa deve beneficiar cerca de 450 famílias diretamente e, indiretamente, milhares de cidadãos paraibanos”, estima o secretário Marenilson Batista da Silva, da Sedap.

A Emepa não empresta animais a não ser dessa forma, via cessão de uso. A ideia é democratizar o uso dos animais e, com isso, o desenvolvimento das pesquisas, criando núcleos multiplicadores juntamente com os produtores. Parte desses produtores faz parte dos APLs que são, em sua maioria, pequenos produtores ou agricultores familiares. Com os novos recursos vindos do PAC o programa terá uma maior abrangência para médios produtores, que também podem ser favorecidos adquirindo, nos leilões anuais promovidos pela Emepa, os animais geneticamente melhorados.
 
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"O objetivo final dessas ações é melhorar as condições de produção e agregar valor aos produtos. Também estamos investindo mais R$ 2 milhões na Estação de Pendência, com recursos do PAC, promovendo a recuperação da estação e novos laboratórios”, afirma Manoel Duré.

Produtos diversificados – Na Estação de Pendência, além das atividades de pesquisas e desenvolvimento de reprodução animal, nutrição e sanidade, há laboratórios que possibilitam o desenvolvimento de produtos derivados das carnes de caprinos e ovinos melhorados pela Emepa. Entre os produtos se destacam a linguiça, o hambúrguer e a carne de charque. A Estação também produz vários derivados do leite.

Buchada sem linha – As pesquisas da Emepa e parceiros são inúmeras. Os conhecimentos obtidos na área da caprinovinocultura possibilitam excelentes resultados até para a indústria. Os resultados das pesquisas são transferidos sem custos para empresas e para a população em feiras e exposições. Uma dessas experiências é o preparo da buchada sem linha: "No lugar do fio, que muitos não gostam e atrapalha a degustação, utilizamos a própria tripa do animal”, explica Wandrick.

Entre os estudos e oficinas já apresentados estão "Cortes comerciais da carcaça de ovinos e caprinos”; "Pertences caprinos para feijoada”; "Buchada caprina”, e "Queijo caprino tipo coalho condimentado com cumaru”. Todos esses são produtos que podem ser inseridos comercialmente para gerar a atividade produtiva e gerar renda no semiárido.

Segundo o diretor presidente Manoel Duré, a Emepa segue diretrizes de desenvolver tecnologias e levá-las à comunidade de forma a capacitar o produtor rural paraibano, fazendo com que se mantenham na atividade de forma digna e próspera, diminuindo a migração aos centros urbanos.

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