O ex-deputado federal e membro da Academia Paraibana de Letras, Evaldo Gonçalves, que escreve semanalmente para o Portal VITRINE DO CARIRI, defende em seu artigo desta semana a conclusão imediata da Transposição das Águas do Rio São Francisco como salvação única para o nordeste setentrional.
Confira abaixo o artigo: TRANSPOSIÇÃO JÁ
O nordeste setentrional tem sobrevivido mais de retórica do que de ações positivas. Desde D. Pedro II, há dois séculos, que se fala na extrema pobreza do nosso semiárido. As demais regiões progridem, e até o nordeste meridional avança, e nós da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, quando muito, marcamos passo. Então, é nosso destino estagnar? Retroceder?
Se recorrermos ao cancioneiro nordestino, nada mais rico desde a Asa Branca do Gonzagão ao “Meu Cariri”, de Rosil Cavalcanti, quando a inspiração deplora as secas do nordeste. Na literatura, José Américo e Raquel de Queiroz esgotaram, em seus romances, os dramas da nossa pobreza. Quanto aos órgãos regionais de desenvolvimento, os há até em abundância.
A salvação única será a transposição das águas do Rio São Francisco para o nordeste setentrional. Os canais de acesso estão com suas obras paralisadas e seus custos aumentam, a cada dia, retardando a sua conclusão. Suas obras obedecem a uma matemática do retrocesso progressivo. A última notícia é a da conclusão de um deles, porém, sem as abençoadas águas.
O Governo Federal, ao que tudo indica, fica driblando as forças políticas com emendas paroquiais, cujos recursos não atenuam os efeitos da seca, nem trazem soluções definitivas para o nosso subdesenvolvimento crônico. E seus órgãos regionais gastam com o custeio os recursos que garantiriam a transposição.
A Assembleia Legislativa da Paraíba, agora, com a criação de uma Frente Parlamentar da Seca, tendo como Presidente, o Deputado Assis Quintans, filho do Cariri, aciona o Ministério da Integração Nacional cobrando medidas para a redução dos efeitos da seca que nos assola.
Tudo bem. Fui parlamentar por seis mandatos, e sei dos limites do cargo. Aplaudamos a iniciativa, conscientes, porém, de que medidas emergenciais para problemas seculares atenuam, mas não solucionam. As estruturas hídricas de caráter permanente de que carecemos só as teremos com o Velho Chico.
Cobremos soluções definitivas, pois a seca, além dos seus males intrínsecos, consome os recursos da transposição das águas do São Francisco. Exijamos transposição já, sem delongas!
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