Homem sem identidade ganha perfil em rede social em Itapetininga, SP.


Em 17 dias, perfil atingiu cinco mil pessoas e teve contato de duas famílias.
O homem é analfabeto, surdo e não fala devido ao problema auditivo.


Para quem tiver informações sobre a família do rapaz, pode entrar em contato com a entidade pelo telefone. (Foto: Eduardo Ribeiro Jr./G1)O homem sem identidade vive em abrigo de
Itapetininga (SP).
Mobilizados com a situação de um homem surdo, que não consegue se comunicar, e que foi encontrado às margens da rodovia Raposo Tavares, em Alambari (SP), há dois anos, colaboradores estão tentando ajudar a encontrar por parentes dele.
Alexandre Elias dos Santos, 37 anos, é professor de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na Integra, uma instituição filantrópica em Sorocaba (SP) que oferece curso gratuito de Libras para surdos, está nesta causa desde quando o homem foi encontrado e levado para um abrigo em Itapetininga (SP). "Quando ele foi encontrado, o pessoal do S.O.S. (Serviços de Obras Sociais) de Itapetininga, para onde foi levado, me ligou para tentar contato com ele. Logo percebi que o homem não falava, por causa da surdez, e também não dominava a Libras".
Com a falta de comunicação e sem nenhum documento, a dificuldade se tornou grande em encontrar a família do rapaz. Por isso, Alexandre resolveu criar um perfil do homem surdo em uma rede social para divulgar a causa e tentar encontrar sua família.
Com o nome de 'Surdo Longe de Casa', o perfil no Facebook atingiu cinco mil pessoas em 17 dias. Alexandre explica que só não está maior porque esse é o limite do site. "Agora estamos criando uma 'Fan Page' (página para que fãs acompanhem o perfil na rede social) com capacidade maior de seguidores", explica.
Alexandre e Alessandra, da instituição que alfabetiza com a Libras, e o homem surdo. (Foto: Arquivo Pessoal)Alexandre e Alessandra, da instituição que faz alfa-
betização com a Libras, e o homem surdo.

Alexandre comenta que a mobilização pela internet já rendeu alguns representantes da causa em outros estados. Ele diz que, assim que alguém de outro estado fica sabendo e procura por ele, o professor já pede para que a pessoa se torne um representante. "Além de São Paulo, tem pessoas divulgando o caso dele em Rio Grande do Norte, Piauí, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Goiás, Bahia e Maranhão. Essas pessoas conheceram a história dele pelo Facebook e estão ajudando a divulgar".
O professor de Libras explica que os colaboradores estão realmente envolvidos. "Eles não ficam apenas replicando no próprio Facebook. Eles também atuam fora da internet, divulgando nas suas cidades, comentando na comunidade e na imprensa local", conta.
Alexandre diz que a ação já rendeu dois contatos, de uma família de Limeira (SP) e outra de Goianésia (GO), mas que nenhum deles reconhceu o homem. "Neste caso de Goianésia, parece que uma amiga viu no Facebook e avisou a família. Como eles são pessoas mais humildes, da zona rural, a mãe que procura pelo filho surdo precisou ir até um mercadinho no Centro da cidade para usar a internet. Foi a primeira vez que ouvi a voz da esperança, mas durou até o momento em que ouvi no telefone um 'não, não é ele'. Foi muito triste".
Apesar da ação negativa, Alexandre está confiante na divulgação. Ele está recebendo apoio da instituição onde trabalha, a Integra, e já tem duas novas ideias para serem aplicadas. "Como a Integra tem a sua própria gráfica, nós queremos fazer cartazes sobre o homem surdo e divulgar nas empresas de transporte. Se a empresa tiver 200 ônibus de turismo, serão 200 cartazes. Assim a história do homem vai estar viajando pelo país".
A outra ação é promover uma campanha de arrecadação para custear o transporte de voluntários que irão de Sorocaba até Itapetininga, cerca de 70 quilômetros, para pegar o homem na S.O.S. e levar até a Integra, onde terá aulas de Libras. "Levaremos ele duas vezes por semana para que a alfabetização seja eficaz".
Com a ação, Alexandre ressalta que o importante é a mobilização da população. "As pessoas querem ajudar. Com essa divulgação que fazemos, percebemos que existem outros casos parecidos, de pessoas surdas que estão desaparecidas e não conseguem nenhum tipo de comunicação. O caso desse homem em Itapetininga é apenas mais um", relata Alexandre.
Libras
Alexandre dos Santos argumenta sobre a importância da Língua Brasileira de Sinais. Ele conta que, se ao menos o homem soubesse se comunicar com a Libras, seria mais fácil ajudá-lo. O professor lembra que no dia 24 de abril de 2012, a Libras completou 10 anos de reconhecimento. "Antes era vista apenas como uma comunicação alternativa. Hoje é reconhecida como uma língua, assim como a Portuguesa. Ela tem toda a sua regra, sua estrutura", explica.
A Integra, instituição filantrópica sem fins lucrativos onde Alexandre leciona, atende 120 alunos de Sorocaba com problemas de surdez. Os pais de alunos surdos também têm aulas gratuitas de Libras. Já para outras pessoas da comunidade é cobrada uma taxa. O valor ajuda a manter a entidade.
Em 17 dias, foram cinco mil pessoas adicionadas no perfil do homem surdo que busca pela família, criado por Alexandre. (Foto: Reprodução)Em 17 dias, foram cinco mil pessoas adicionadas no perfil do homem surdo que busca pela família, criado por Alexandre.

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